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Estudo aponta que remédio para artrite reduz em 37% risco de morte por covid-19

Pesquisa teve início em outubro do ano passado e a medicação utilizada foi o Tofacitinibe

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Estadão Conteúdo

Publicado em 16/06/2021 às 21:18
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Um estudo realizado por pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein com um medicamento para artrite reumatoide da farmacêutica Pfizer apontou que a medicação, que tem a capacidade de modular o sistema imunológico, conseguiu reduzir em 37% o risco de morte ou falência respiratória em pacientes com quadro moderado que foram internados com pneumonia associada à covid-19. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (16), no periódico científico The New England Journal of Medicine.
O estudo teve início em outubro do ano passado e a medicação utilizada foi o Tofacitinibe, vendido pelo nome comercial Xeljanz, que demonstrou impacto na tempestade de citocinas, uma reação exacerbada do sistema imunológico que pode afetar o funcionamento de órgãos vitais. Esta grave complicação, que pode atingir pacientes com a covid-19, agrava o estado de saúde do paciente e pode levá-lo à morte.
"A nossa hipótese era: se pegar um paciente com PCR positivo e pneumonia, nos primeiros três dias de internação, der o tofacitinibe e conseguir evitar que essa pessoa deteriore o quadro clínico, é possível reduzir o risco de morte ou falência respiratória", explica Otávio Berwanger, diretor da Academic Research Organization (ARO) do Einstein.
O estudo Stop-Covid, randomizado e duplo cego, analisou 289 pacientes em 15 hospitais parceiros e mostrou queda de agravamento e risco de morte em relação aos pacientes que tomaram placebo.
"Nesse estudo, todos os pacientes recebiam o tratamento padrão, as medidas de suporte recomendadas, mas, em cima disso, randomizamos as pessoas, metade recebeu placebo e metade, tofacitanibe. A gente viu que, nesse grupo de pacientes, ao longo de 28 dias, houve uma redução de 37% no risco de morte ou de falência respiratória. Confirmamos o benefício do uso do tofacitinibe para evitar a tempestade de citocinas e o benefício dessa medicação para tratar esses pacientes."
O fato de o medicamento ter agido em pacientes que estavam sendo medicados - cerca de 90% estavam sendo tratados com corticoides, como a dexametasona - é outro aspecto positivo, de acordo com Berwanger.
"Uma coisa interessante é que funcionou com os tratamentos convencionais. Outros estudos foram feitos com imunomodulador. A diferença desse é que o benefício ocorre em cima do corticoide. O resultado é muito motivante e positivo. E neste estudo, a medicação foi muito segura. Os eventos adversos graves foram semelhantes ao do grupo placebo."
Embora o resultado seja animador, Berwanger destaca que isso não significa que se trata de um novo tratamento para combater a covid-19 nem que qualquer paciente pode tomá-lo. "A medicação foi utilizada em pacientes que não tinham contra-indicações, na dose correta, com acompanhamento diário dos pesquisadores e em ambiente controlado e no hospital. Neste momento, está saindo o resultado da pesquisa."
 

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