Banco, e-mail, redes sociais e mais: veja dicas de como ter senhas seguras para não levar golpe
Segundo pesquisa, mais de 2,5 milhões de pessoas pelo mundo escolheram a senha 123456 na maioria dos logins: que também é a mais fácil de ser hackeada
A estudante de enfermagem Victória Nascimento passou perrengue ao tentar descobrir sua senha para agendar um serviço no SAC. Não teve santo que ajudasse. Tentou data de nascimento, nome da mãe, optou em redefinir pelo site, mas nada. Precisou ir até o SAC do Shopping Barra, perdendo estágio e aula, só para relembrar a bendita senha, que era o famigerado 123456. “É muita senha, meu senhor. Dá pra lembrar tudo não”, disse a jovem de 24 anos.
Errada não está. Nossa vida é administrada por infinitas senhas. Se é para desbloquear celular, senha. Banco, Netflix, redes sociais, e-mail, computador da empresa, tudo é senha. Se você segue a cartilha de Victória ou usa o mesmo password para tudo, saiba que você é uma presa fácil para os hackers de plantão.
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Segundo uma pesquisa feita pela empresa norte-americana NordPass, especialista em segurança digital, mais de 2,5 milhões de pessoas pelo mundo encheram o saco de tanta senha e escolheram 123456 na maioria dos logins. A pesquisa ainda aponta que é a senha mais hackeada. Um hacker leva um segundo para descobrir esta palavra-chave.
Duvida? Maria Souza não é nenhuma especialista em invasão de redes ou internet. Porém, ela era uma mulher desconfiada, o que dá no mesmo quando o assunto é descobrir alguma coisa. “Tive um namorado que se dizia divorciado. Até aí, tudo bem. Mas a ex procurava ele com muita abertura... Cismei! Uma bela noite, ele dormindo profundamente, arrisquei uma senha no celular dele e voilá! Acertei. Eu já estava arrancando a fiação toda da rua de tanta galha que estava tomando”, lembra.
Um hacker faz algo semelhante a Maria. Por meio de programas de rastreamento, ele tenta milhares de senhas óbvias até conseguir logar (e roubar) o perfil de alguém no Instagram, por exemplo. Caso consiga êxito, começa o segundo passo. Tentar a mesma senha em outras plataformas, como banco e perfis em diferentes redes sociais. Se o usuário usa a mesma senha para tudo, lascou. Sua vida virou um livro aberto para o criminoso. Para se ter uma ideia, um dos passwords mais utilizado pelos brasileiros é a palavra “senha”. Mais de 160 mil pessoas aderiram a esta palavra-chave. Um hacker leva, em média, três minutos para descobrir que sua senha é “senha”. Melhor que 123456, mas não muito segura.
“A grande maioria atribui a mesma senha para diversas atividades, seja para redes sociais, e-mails, conta de banco e cartão de crédito. Existe um estudo que aponta 59% da população tem este hábito. É terrível, pois o invasor pode fazer o rastreamento em todas suas atividades”, disse Rafael Brasil, Professor e Analista de Coordenação do colegiado de sistemas de informação da Rede UniFTC. “O ideal é fazer uma senha por meio de combinações de fatores. Deve ser com letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais. Pode ser chato, mas protege e dificulta a vida dos invasores”, completa. A mistura é que define quando uma senha será forte, muito forte ou fraca.
Aplicativos
Fazer uma combinação para uma senha, tudo bem. Mas imagine fazer isso com todas. Com a vida transferida para o universo online, a média de senhas nas nossas vidas chegam a 10, diariamente. É muita senha para fazer combinações aleatórias de tudo. Contudo, já existem aplicativos que realizam este tipo de serviço, como um grande banco de dados que armazena todas as suas senhas. “Existem diversos cofres digitais. É possível não só armazenar suas senhas, como também fazer senhas aleatórias com frequência, pois o ideal é trocá-las a cada 90 dias. Estes aplicativos já fazem isto e, de maneira automática, logam para você”, completa Rafael.
Neste caso você precisará apenas de uma senha, que é justamente do aplicativo que cuida dos seus logins. Existem alguns no mercado, como o Lastpass, com mais de 10 milhões de downloads no Google Play. O Kaspersky e Bitwarden também possuem bons números de adeptos. Outra opção é o próprio Google. O todo poderoso da internet possui mecanismos para proteger sua senha, incluindo programas instalados no próprio celular, para quem tem o sistema Android. Mas é preciso um cuidado especial, principalmente no seu navegador Chrome. Caso você esqueça seu login aberto num computador aleatório, também estará nas mãos de aproveitadores. Caso esqueça, o próprio Google tem mecanismos para que você “deslogue” em todos os aparelhos, como faz o WhatsApp.
“A oferta de ferramentas que tragam segurança e facilidade na gestão das senhas é uma das nossas preocupações no Google. As chaves de segurança implementadas diretamente em dispositivos Android e o aplicativo Google Smart Lock para celulares com iOS são exemplos recentes. Hoje, quase todos os telefones podem ser utilizados como dispositivos de verificação em duas etapas”, explica Alê Borba, Analista de Segurança do Google Brasil.
A verificação em duas etapas é uma forma bastante segura em caso de tentativa de invasão. O Google dá a opção de, toda vez que fizer um login em algum lugar ou aparelho, a empresa manda uma autenticação para o seu celular, permitindo acesso apenas depois que for inserido a senha enviada via SMS. É aí que o celular também vira alvo de bandidos, não apenas pelo celular em si, mas pelo universo de senhas que estão guardadas nele. “A perda de senha é uma parcela significativa de crimes digitais. Aparelhos eletrônicos estão sendo subtraídos com a finalidade de obtenção de senhas, principalmente de bancos. É preciso ter cuidado com as senhas e sempre pedir outros fatores de verificação, até mesmo em redes sociais”, disse o delegado Delmar Bittencourt, especialista em crimes na internet aqui na Bahia.
Num futuro próximo, o reconhecimento facial ou outros mecanismos poderão apagar o mundo das senhas nas nossas vidas. Contudo, pelo menos por enquanto, é um mal necessário. Mesmo assim, ainda tem muita gente que não leva muito à sério o assunto. “Rapaz, tenho a mesma senha para tudo, nunca tive problema. Se o ladrão descobrir a senha do meu banco, vai ter a pena de mim. Creio que terei mais dor de cabeça se a mulher descobrir a senha do que um hacker”, pregou André Souza. Neste caso, nem o Google salva.
Como ter uma senha segura?
Quanto mais fácil, mais rápida a senha para ser descoberta pelos hackers. Evite senhas como nomes de parentes, data de nascimento e sequência de numerais. Utilize pelo menos 10 caracteres, misturando números, letras maiúsculas e símbolos. Veja mais dicas:
- Diferentes: Quando um hacker descobre sua senha do Instagram, por exemplo, ele faz uma varredura padrão. Se você utiliza a mesma senha para tudo, o estrago está feito.
- Google: Você também pode gravar apenas uma senha. O Google guarda e você só vai precisar de uma. Outra dica é pedir para que o Google mande um código para o seu celular toda vez que tentem acessar seu perfil. Para a turma do Iphone, o Icloud funciona com o mesmo mecanismo.
- Verificadores: Existem outros aplicativos que guardam sua senha, como o Lastpass. Ele vai pedir uma senha mestra e o restante fica no banco de dados. Ele também sugere senhas seguras quando você for se cadastrar em algum lugar que exige login e senha.
- Celular: Além do leitor biométrico e daqueles desenhos para desbloquear tela, utilize o código SIM do seu chip para tudo que você pretende esconder. Assim, mesmo com o celular roubado, seu aparelho sempre vai pedir um código SIM para acessar seus dados.
Senhas mais utilizadas no mundo em 2020:
- 123456 – 2,5 milhões
- 123456789 – 961 mil
- picture1 – 371 mil
- password – 360 mil
- 12345678 – 322 mil
- 111111 – 230 mil
- 123123 – 189 mil
- 12345 – 188 mil
- 1234567890 – 171 mil
- Senha! – 167 mil