7 de setembro: Bolsonaro pretende demonstrar força em um feriado que se anuncia tenso
Brasil se prepara para feriado marcado por protestos
O Brasil se prepara para celebrar o feriado da independência na terça-feira (7), em um contexto de alta tensão com manifestações convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que tenta mobilizar suas bases diante de uma popularidade em queda e confrontos com o Judiciário.
Nas principais cidades, principalmente São Paulo e Brasília, importantes dispositivos de segurança serão implantados para evitar eventuais excessos nas comemorações da independência, considerando que nesse mesmo dia também ocorrem passeatas contra o presidente de extrema direita.
"Chegou a hora de, no dia 7, nos tornarmos independentes para valer. E dizer que não aceitamos que uma ou outra pessoa em Brasília queira impor a sua vontade", afirmou Bolsonaro durante um discurso na semana passada.
A declaração fez uma alusão clara aos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, contra os quais está em pé de guerra há semanas, após terem iniciado várias investigações contra ele e seu entorno, por divulgar informações falsas, entre outras coisas.
Na sexta-feira, Bolsonaro foi mais longe e disse que os protestos serão um ultimato aos magistrados da mais alta corte. No sábado, ele citou a possibilidade de uma "ruptura" institucional.
"Divisor de águas"
O ex-paraquedista anunciou sua presença pela manhã em Brasília e à tarde em São Paulo, onde espera reunir “mais de dois milhões de pessoas”.
É difícil imaginar tamanha multidão na Avenida Paulista depois das últimas manifestações que reuniu apenas algumas dezenas de milhares na cidade mais populosa do país.
Para Geraldo Monteiro, cientista político da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o presidente está apostando "tudo ou nada" depois de ter esticado a corda ao máximo com seus recorrentes ataques ao sistema eleitoral, ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso.
"Chegamos a um ponto em que é preciso cada um mostrar suas armas, e é o que o bolsonarismo vai tentar fazer. Estão investindo todas as energias deles nessa mobilização. Estão fazendo um enorme esforço. Resta saber se vão conseguir colocar um número significativo de pessoas na rua", opinou.
Segundo ele, esse dia de mobilização pode “ser um divisor de águas”.
"Se as manifestações forem importantes, significativas, acho que vai de certa maneira pesar a balança em favor do presidente" para as eleições de 2022, nas quais, segundo as pesquisas, seria amplamente derrotado pelo ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não confirmou a sua candidatura.
Mas no caso de um fracasso, "pode entrar numa curva descendente para o bolsonarismo" e o presidente corre risco de perder aliados especialmente no setor empresarial.
"Risco de violência"
Para o cientista político André Rosa, o risco de violência é real.
"Em relação a grupos contrários, a militância bolsonarista é muito reativa então com certeza vai querer partir para guerra. O grupo bolsonarista não é pacífico, é um grupo pró-armas. Vão ter policias de folga, ex-militares", alertou.
Em Brasília, a marcha da oposição terá início a apenas três quilômetros de distância, na icônica torre de TV. Em São Paulo, será no Centro, a 5 km da Avenida Paulista.