Polícia Federal realiza operação de combate ao abuso sexual infantil em 20 estados, incluindo Pernambuco
A operação Lobos II é uma parceria com forças policiais internacionais e planeja cumprir 104 mandados de busca e apreensão e oito de prisão preventiva
Atualizada às 18h10 de 03 de dezembro de 2021
A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (3), a operação Lobos II, com o objetivo de desarticular um grupo de criminosos que utilizava a darkweb para a divulgação de material de abuso infantil no Brasil e no mundo.
A ação é uma continuidade da Operação Lobos, iniciada em 2016, que estabeleceu parceria com forças policiais de diversos países para identificar os usuários das redes de pornografia infantil na deep web e os responsáveis pela obtenção, publicação e difusão de desses conteúdos nos sites que eram utilizados por mais de um milhão e oitocentos mil usuários no mundo.
A operação cumpriu 104 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão preventiva, distribuídos em vinte Estados - incluindo Pernambuco - e no Distrito Federal. Além disso, a ação buscou localizar e resgatar vítimas que possam estar em situação de extrema violência.
De acordo com a PF, a atividade investigativa aconteceu em sigilo e identificou um brasileiro que gerenciava cinco dos maiores sites que hospedavam conteúdo de abuso sexual infantil. Os conteúdos eram publicados em categorias que envolviam imagens e vídeos de abuso sexual de crianças de 0 a 5 anos, abuso sexual com tortura, abuso sexual de meninos e abuso sexual de meninas.
Para a Polícia Federal, essa é uma das maiores ações no combate a esse tipo de ação criminosa, que também busca realizar o resgate de crianças vítimas em todo o mundo. A operação foi realizada nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins, além do Distrito Federal.
Os sites eram utilizados por mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) usuários, em todo o mundo, para postar, adquirir e retransmitir materiais relacionados à violência sexual contra crianças e adolescentes. Ao menos 25 pessoas foram presas, 18 delas em flagrante, segundo a Polícia Federal.
A continuidade das medidas investigativas em sigilo permitiu a identificação e localização de dezenas de indivíduos no Brasil envolvidos com a produção e divulgação de material delituoso. Os crimes investigados são: venda, produção, disseminação e armazenamento de Pornografia Infantil e estupro
de vulnerável, sem prejuízo de outros que possam surgir com a continuidade das investigações.
Em uma fase anterior da operação, não divulgada pelos investigadores na época, um homem apontado pela PF como um dos principais difusores de pornografia infantil do mundo foi preso, em 2019, no estado de São Paulo. O nome dele não foi informado pela Polícia Federal.
"Posso até considerar que ele era o alvo 01 do mundo no que ele fazia de hospedagens de pornografia infantil na deep web. Era o principal criminoso do mundo nesse tipo [de crime]. Tivemos a participação de várias policiais, o FBI, dos EUA, o NCI, da Inglaterra, todos os países mais desenvolvidos do mundo colaboraram nessa investigação", declarou o delegado federal Renato Cintra.
A Polícia Federal em Pernambuco, em conjunto com polícias de outros países, investigava desde 2016 uma rede de abuso e produção de pornografia infantil, com troca de informações com as polícias internacionais. Hoje foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão.
"Um dos administradores do fórum estava em Pernambuco e foi preso em 2017. Começou uma longa investigação, que foi mantida sempre em sigilo, nada foi divulgado. Assim, chegamos à prisão do alvo [em SP] que hospedava todos esses fóruns, que chegavam a mais de 1,8 milhões de pessoa em todo o mundo", detalhou o delegado.
Os cinco fóruns, explicou Cintra, foram tirados do ar em 2019. "Foi um impacto grande na deep web porque retiramos os cinco maiores fóruns de pornografia infantil, mas outros vão surgindo. É uma coisa que dificilmente vai acabar. Na época, eram os cinco maiores, os grandes fóruns. Todos eles tinham mais de 200 mil membros cada um", disse.