METRÔ DE SÃO PAULO

METRÔ DE SÃO PAULO: tesouro do século 20 é encontrado sob obra do metrô de SP

Um tesouro do século 20 foi encontrado sob obras da Linha 6-Laranja do metrô de SP

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Julianna Valença

Publicado em 18/08/2022 às 11:46 | Atualizado em 18/08/2022 às 12:19
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Com informações do Estadão Conteúdo
Um tesouro de mais de 300 artefatos históricos foi encontrado no sítio arqueológico identificado durante a obra da futura Estação 14 Bis, da Linha 6-Laranja, do metrô de São Paulo.
Louças, cerâmicas, vidros, solas de sapato e outros materiais estão entre as peças encontradas. Um novo e inédito relatório aponta que parte dos itens remete possivelmente ao início do século 20, quando o Quilombo Saracura existia na região central da cidade de São Paulo, às margens do córrego de mesmo nome, nos primórdios do Bixiga.

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"A profundidade dos vestígios parece aproximá-los dos períodos em que o Córrego Saracura ainda corria a céu aberto e aquilombados viviam à sua margem", aponta o relatório. "Caso isto seja comprovado na escavação arqueológica planejada, esses materiais certamente serão remanescentes do Quilombo Saracura, cuja localização é historicamente comprovada."

MOVIMENTO NEGRO PEDE MEMORIAL DE ANTIGO QUILOMBO

O movimento negro e moradores do bairro têm defendido que o acervo encontrado na obra dê origem a um memorial ao antigo quilombo, também chamado de "Pequena África". Eles também reivindicam a mudança do nome da estação para "Saracura Vai-Vai", a fim de marcar a história negra do Bixiga e do Vai-Vai, que teve a quadra cinquentenária demolida para implantação da linha de metrô.
Milhares de fragmentos e objetos foram encontrados em outros oito sítios arqueológicos identificados durante a implantação da linha, principalmente na zona oeste.
Uma prospecção arqueológica mais ampla é estimada para começar em setembro ou outubro, após obras de estruturas subterrâneas da estação que darão segurança para trabalhos de até três metros de profundidade. O início das escavações foi autorizado pelo Iphan logo após a identificação do sítio arqueológico, nas imediações da Avenida Nove de Julho e da Praça 14 Bis, o que interrompeu parte da obra no local.

ARTEFATOS ARQUEOLÓGICOS

Os artefatos são divididos em duas classificações. A de maior interesse arqueológico é a dos achados durante a descoberta do sítio arqueológico, em abril deste ano, porque estão em maior quantidade (mais de 300 fragmentos), concentração e profundidade (de dois a quatro metros), "como se fossem bolsões ou locais de descarte de longa duração", segundo o relatório.
Já a outra classificação é relativa aos fragmentos coletados mais superficial e isoladamente, nas camadas de aterramento da área. Nesse caso, há a dificuldade da identificação de origem, pois podem ser provindos de ocupações urbanas mais recentes ou trazidos juntamente com o aterro.

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