IAHGP

Por que vale a pena visitar o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, que comemora 160 anos

Localizado na Rua do Hospício, Instituto é o segundo mais antigo do Brasil e guarda um acervo considerado "memória do mundo" pela Unesco

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Emannuel Bento

Publicado em 01/07/2022 às 16:41 | Atualizado em 01/07/2022 às 17:03
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O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), o segundo mais antigo do Brasil (apenas atrás do Brasileiro), está comemorando 160 anos. A sua sede fica no número 130 da Rua do Hospício, no Centro do Recife, sendo uma doação do governador Manoel Borba no primeiro centenário da Revolução Pernambucana, em 1917.

A data do aniversário é celebrada em 28 de janeiro, mas a cerimônia será realizada apenas neste sábado (2), no auditório da Academia Pernambucana de Letras, por volta das 9h.

A Sessão Magna terá posse de novos associados, entrega de medalhas e apresentação musical. O orador da manhã será o associado efetivo e 2º secretário do Instituto, George Cabral de Souza, historiador que já presidiu o IAHGP em duas ocasiões (2009-2011 e 2017-2019).

"Essa data é um orgulho para nós, pois vivemos num país onde se valoriza pouco a cultura e a história. Conseguir sobreviver por 160 anos é uma contribuição que se dá à memória pernambucana", diz Margarida Cantarelli, atual presidente do IAHG, ao JC.

Conheça a história do IAHGP

Foto: Hélia Scheppa / JC Imagem
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O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano foi fundado em 28 de janeiro de 1862, no Recife, por um grupo de cidadãos preocupados em preservar e divulgar a história de Pernambuco.

"Dom Pedro II visitou Pernambuco e procurou se informar sobre a história do Estado, pois viu como era valorosa a nossa participação na história do Brasil. Era uma província de destaque, desenvolvida e que tinha muito a conservar", explica Margarida Cantarelli, sobre o contexto da criação.

"Os intelectuais do Estado, então, fizeram uma reunião. Eram professores da Faculdade de Direito do Recife, estudiosos de diversas áreas e padres. O primeiro presidente foi o Monsenhor Tavares, que era um religioso. Eles tinham em comum um amor ao Estado e reconheciam que o nosso passado merecia ficar conservado para as futuras gerações", continua.

"Assim temos feito, pretendemos deixar para as próximas gerações tudo ainda mais organizado. Hoje temos a tecnologia, que permite com facilidade digitalizar documentos, tudo isso se torna acessível às pesquisas dos historiadores. Temos muita satisfação em receber visitantes. Os sócios acompanham algumas visitas para mostrar objetos, dar explicações."

O IAHGP mantém uma revista que circula desde 1863. As edições mais recentes são editadas pela Cepe Editora a estão disponíveis online. As mais antigas estão guardadas no acervo da instituição.

"A história oficial muitas vezes se limita a São Paulo e Rio de Janeiro, esquecendo como nas províncias aconteceram fatos importantes. Pernambuco chegou a ser independente por mais de 70 dias. Esses fatos não são ensinados a sequer nós pernambucanos. Aproveitamos essa oportunidade para levar essas informações. Nós temos um passado que nos envaidece pela coragem, pelo pioneirismo e porque desejamos uma República constituinte totalmente independente", finaliza a presidente.

O que existe no IAHGP?

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O patrimônio do IAHGP é dividido em três grandes áreas: museológica, documental e bibliográfica-hemeroteca. O conjunto de documentos foi reconhecido pela Unesco como "memória do mundo".

O acervo museológico reúne telas e retratos de figuras importantes da história de Pernambuco, além de uma vasta coleção de objetos decorativos e utilitários pertencentes às antigas famílias pernambucanas, como aparelhos de jantar, prataria, vestuário e objetos pessoais em geral.

Destacam-se as peças de mobiliário de casas urbanas e rurais, que traçam um interessante perfil da sociedade pernambucana. Umas das mais importantes do acervo é o marco divisório das capitanias de Pernambuco e Itamaracá, assentado pelo primeiro donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, em 1535.

Os armamentos antigos também ganham destaque, reunindo armas brancas e de fogo que pertenceram a figuras importantes da história do Estado ou que foram utilizadas em batalhas decisivas na formação da nacionalidade e nos muitos movimentos revolucionários pernambucanos.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A biblioteca contém cerca de 25 mil volumes editados entre os séculos XVII e XXI nas áreas de história, geografia, sociologia, literatura, política, arte, arqueologia, engenharia, arquitetura e antropologia, além de grande quantidade de obras de ficção e de periódicos editados no Brasil e em vários outros países. Ao longo de 160 anos, essas obras vêm sendo doadas por sócios, particulares e entidades públicas e privadas.

Já a hemeroteca contém periódicos pernambucanos dos séculos XIX e XX, encadernados em vários volumes. Um destaque é o exemplar do 'Typhis Pernambucano', editado por Frei Caneca, no início do século XIX. Há também exemplares do jornal 'Diário Novo', onde foi retratada boa parte da história da Revolução Praieira, de 1848.

Atualmente estão em andamento na instituição projetos de inventariação, higienização, restauro e conservação de parte do acervo. Um deles está debruçado sobre o acervo bibliográfico e documental. Futuramente, parte deste acervo será digitalizado e disponibilizado para consulta pública pela internet. Ainda não existe data prevista para essa disponibilidade.

Entrega de medalhas

Na Sessão Magna, o governador Paulo Câmara será condecorado com a Medalha Frei Caneca. Já a Medalha Conde da Boa Vista será concedida ao falecido associado Limério Moreira da Rocha (in memoriam), pesquisador com publicações sobre a história de Pernambuco e do Ceará, seu estado natal, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao IAHGP.

O designer Pedro de Albuquerque Xavier receberá a Medalha Confederação do Equador. Ele é autor do estudo que subsidiou o Projeto de Lei n° 1724/2020, do executivo estadual, que fixou normas técnicas para a reprodução da bandeira de Pernambuco, apoiado pelo IAHGP.

Como visitar o IAHGP

O museu encontra-se aberto para a visitação pública de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h e, aos sábados, das 8h às 12h. Pesquisadores e estudantes podem ter acesso a diversos documentos históricos do Estado com atendimento presencial exclusivamente aos sábados ou consultas através do e-mail [email protected]. Os ingressos custam R$2,00.

Quem são os novos sócios do IAHGP

Durante a cerimônia, 10 novos sócios tomam posse e passam a integrar o quadro de associados do IAHGP. São eles:

SÓCIOS EFETIVOS

  • o secretário executivo de Relações Internacionais do Governo do Estado, Gilberto de Melo Freyre Neto
  • secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Marcelo Canuto Mendes, como sócios beneméritos
  • jornalista e escritor Ângelo Castelo Branco e o pesquisador Ígor Anderson Cardoso Gonçalves

SÓCIOS CORRESPONDENTES

  • os pesquisadores Cláudia Vicente da Silva, Paulo Henrique Melo Silva Sales,
  • Jean Patrício da Silva
  • Paulo Victor Figueiredo Alves,

SÓCIOS HONORÁRIOS

  • diretor do Museu Militar do Forte do Brum, André Gustavo de Pinho Monteiro
  • dedicado colaborador do IAHGP há 14 anos, José Cassiano Cabral de Souza

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