Com o ritmo vagaroso típico de obras públicas, a Prefeitura do Recife começa a dar os primeiros passos concretos para implantar o Parque Linear Caminho das Capivaras, às margens do Rio Capibaribe. O trecho escolhido como piloto do projeto fica no bairro das Graças, Zona Norte da cidade, por trás da antiga Estação Ponte D’Uchôa, e está liberado aos pedestres e ciclistas.
Numa reunião em março de 2014, a prefeitura apresentou a proposta para ocupação da área, que tem cem metros de extensão, entre as Ruas Madre Loiola e Antônio Celso Uchôa Cavalcanti. O ponto de partida seria o recuo de 16 metros no muro do quintal de quatro imóveis, para liberar a beira-rio.
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Só agora, um ano depois, a ação foi colocada em prática. Mesmo incompleta, abriu uma nova paisagem no bairro. Ao recuar as cercas, não só a beira-rio ficou acessível à população. A cidade ganhou 18 pés de árvores que antes ficavam nos terrenos murados e resgatou o baobá que, apesar do porte de gigante, vivia escondido e confinado na margem do Capibaribe.
“Os muros foram derrubados e fizemos a limpeza no fim de março e começo de abril deste ano (2015). Botamos jardineiras nos acessos, para impedir o uso do lugar como estacionamento. A Emlurb colocou lâmpadas e papeleiras”, diz Romero Pereira, secretário-executivo de Unidades Protegidas da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife.
Segundo ele, a obra prevê pavimentação, jardins, bancos e iluminação na chamada Praça do Baobá. Também contempla o calçamento diferenciado das Ruas Madre Loiola e Antônio Celso Uchôa Cavalcanti, criando uma unidade no passeio desde a árvore frondosa de origem africana até a Estação Ponte D’Uchôa, na Avenida Rui Barbosa.
“O projeto básico está pronto e o projeto complementar será finalizado este mês (maio de 2015). É quando vamos definir o valor da intervenção. A execução depende da liberação de verba”, declara Romero Pereira. Por ora, a Secretaria de Meio Ambiente estimula a circulação de bicicletas pelo novo trecho da beira-rio, nos dias de ciclofaixa móvel. “Muita gente desconhece esse lugar.”
Ainda falta tratar as margens do Capibaribe, castigada por lixo e lançamento de esgoto sem tratamento, e providenciar reforço para o baobá, que está inclinado em direção ao rio. O Parque Linear Caminho das Capivaras pretende integrar 21 bairros do Recife, da Várzea ao Centro, num total de 30 quilômetros de extensão – 15 quilômetros em cada uma das margens do rio.
“A ideia de abrir a beira-rio é boa, o lugar é lindo. Mas tenho receio que se torne um espaço de segregação. O uso também deve ser feito de forma comedida, para não prejudicar o manguezal, as aves e as capivaras que costumam aparecer por aqui”, diz Hélder Lopes, morador das Graças e frequentador do local.
Gabriel Nascimento vive no Rosarinho, bairro da Zona Norte, e visitou a área terça-feira (5) pela primeira vez. “É muito bacana, pode abrigar uma feira de produtos orgânicos e outros eventos compatíveis com o rio e a vegetação, como a Praia do Capibaribe”, sugere Gabriel. Hélder cobra mais limpeza nas margens.