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Geossítio com vestígios da Era dos Dinossauros reabre para visitas

O sítio geológico K-Pg Mina Poty é o único da América do Sul com evidências da queda do meteoro que marcou o fim da Era dos Dinossauros

Maria Lígia Barros
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Maria Lígia Barros
Publicado em 24/11/2019 às 12:50
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O sítio geológico K-Pg Mina Poty é o único da América do Sul com evidências da queda do meteoro que marcou o fim da Era dos Dinossauros - FOTO: Foto: Divulgação
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Descobrir os segredos do mundo pré-histórico agora está mais acessível aos pernambucanos. O geossítio K-Pg Mina Poty – o único da América do Sul com vestígios do meteoro que extinguiu quase 70% da vida na Terra e marcou o fim da Era dos Dinossauros, 66 milhões de anos atrás – reabriu as portas semana passada, no município de Paulista, Região Metropolitana do Recife, com um calendário de atividades expandido.

Além das visitas científicas e educativas que o parque geológico recebe desde novembro de 2018, quando começou a funcionar, este ano o sítio expande sua atuação e abre as portas para receber escolas e a comunidade local. Por conta das chuvas, o lugar permanece fechado entre os meses de maio e outubro. A temporada 2019-2020 começou na última quarta-feira (20) e vai até abril.

No sítio, rochas e fósseis – principalmente de invertebrados e répteis marinhos – de quatro eras geológicas diferentes contam uma parte da história do planeta. Os vestígios foram descobertos em 1993, em uma área de mineração da empresa brasileira Votorantim Cimentos, que está presente em outros dez países: Argentina, Bolívia, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Luxemburgo, Marrocos, Tunísia, Turquia e Uruguai. As evidências da queda do meteoro que dizimou milhares de espécies, inclusive os dinossauros, são o destaque do parque.

Para Rodrigo Sansonowski, gerente de Direito Mineral da empresa, esse é um dos fatores que tanto despertam o interesse do público geral. “Foi um impacto que aconteceu no mundo inteiro, faz com que eles tenham essa curiosidade de entender o que aconteceu”, descreveu o diretor. As visitas para a comunidade têm início apenas em janeiro, mas os interessados já podem se inscrever, enviando um e-mail para [email protected].

Já o trabalho com alunos da rede municipal começou antecipadamente. Algumas escolas já receberam atividades pedagógicas que abordam a temática. Sansonowski estima que mais de 500 estudantes já foram contemplados pelas aulas só em setembro e outubro deste ano.

“Existem vários geossítios com o mesmo conteúdo de um evento tão importante mundo afora, mas não existia nenhum na América do Sul”, afirmou. O lugar virou palco de pesquisa para especialistas, e acordos de cooperação técnica foram firmados com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Pesquisadora do Departamento de Geologia da UFPE, Alcina Barreto integra a comissão que coordena os estudos feitos pela instituição na mina e conhece bem a história. Segundo a cientista, a região era um fundo de mar quando o meteoro atingiu a área que hoje é o Golfo do México. “Foi um grande meteoro que causou um impacto próximo ao de bilhões de bombas atômicas produzidas em um único momento. Foi uma energia muito grande”, contou.

Ao cair no planeta, o meteoro provocou uma grande onda no Oceano Atlântico que se propagou até o Nordeste do Brasil. “O registro foi depositado em um ambiente marinho de plataforma, quando o Brasil e África estavam mais perto que estão hoje”, relatou Alcina Barreto. “As ondas revolveram o fundo dessa plataforma marinha e geraram estrutura sedimentares típica desse evento de tempestade muito grande”, registrou.

Elementos

Além disso, comenta Alcina Barreto, também há a presença nas rochas de elementos químicos que não são comuns na superfície da Terra, como níquel e irídio. “Eles vieram trazidos do espaço com o meteoro e se propagaram por várias regiões do mundo”, explicou.

O material é rico para trabalhos científicos. “Tem havido publicações em várias partes do mundo, desde o início dos anos 2000 já se tinha reconhecido a área como um afloramento importante dessa mudança de era geológica e desse momento de extinção de muitas espécies na Terra”, observou a pesquisadora.

Fundada em 1933, a Votorantim Cimentos se tornou uma das maiores empresas globais do setor. O portfólio de materiais de construção vai além dos cimentos e inclui concretos, argamassas e agregados, além de insumos agrícolas. São quase 12 mil empregados e uma receita líquida de R$ 12,6 bilhões no ano passado.

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