Há 19 anos, na Quarta-feira de Cinzas, quando o sol começa a se esconder por trás das ladeiras de Olinda, a frente da casa de Jodecilda Airola, 80, mais conhecida como Dona Dá, começa se tornar uma encruzilhada de bois de todos os tipos. São mais de 20 boizinhos que chegam de várias cidades de Pernambuco, em suas múltiplas cores, para brincarem o último dia de folia no Encontro dos Boizinhos de Olinda.
“Tudo começou quando fizemos uma festa aqui na frente de casa e convidamos um artista para receber um prêmio. Ele não veio durante o Carnaval e disse que viria na Quarta-feira de Cinzas. Para ele chegar e ter alguma coisa, chamei uns bois amigos meus para ter uma coisa animada. Mas aí ele não veio, e ficou essa tradição”, contou Dona Dá.
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Os bois de Carnaval são chamados mais de boizinhos. Forma carinhosa de demonstrar que aquele personagem traz diversos ritmos e elementos da cultura. Os bois são uma tradição em Pernambuco e graças à iniciativa de Dona Dá, a Quarta-feira de Cinzas concentra as apresentações desses grupos, que se confraternizam, saúdam sua musa e lançam desafios amistosos uns aos outros.
Carnavalesca de coração, a organizadora do encontro conta como os boizinhos por iniciativa própria passam a frequentar todos os anos o bloco. “Pelo decorrer do fim da tarde chega um, chega outro e vai ficando, quando vê todo ano tão por aqui. Tem boi de Caruaru, de Itapissuma, de Camaragibe, vem de um monte de lugar”, contou. “Começou tão espontaneamente, e eu me sinto muito gratificada. Porque apesar do trabalho que dá, quando a gente faz com amor é outra história”
Dona Dá já é conhecida antes de promove o encontro dos boizinhos, desde 1985 ela entrega um troféu para todos os blocos que passam em frente a sua casa na Rua da Boa Hora, no Varadouro, em Olinda, Região Metropolitana. Neste ano o troféu é uma estatueta do calunga do John Travolta, boneco gigante que completou 40 anos nesse Carnaval.
