Nos últimos 14 anos, a gestão da segurança pública em Pernambuco teve momentos de altos e baixos, mas uma constante bem definida: a cadeira principal da Secretaria de Defesa Social (SDS), desde 2006, é ocupada por delegados da Polícia Federal (PF). Até agora, foram sete ao total, contando com o atual, Antônio de Pádua.
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A iniciativa, inclusive, vem de antes do Pacto pela Vida, principal marca, na segurança, das gestões do PSB. Foi no governo de Mendonça Filho (DEM, de abril a dezembro de 2006) que o primeiro federal assumiu a SDS, o brasiliense Rodney Miranda, então com 41 anos e vindo de uma polêmica passagem à frente da secretaria de segurança do Espírito Santo. Mendonça perdeu a eleição para Eduardo Campos (PSB) e Miranda chegou a ser cotado pelos socialistas para ficar no novo governo, mas acabou exonerado. Após passagens pela prefeitura de Caruaru, no Agreste, e de voltar a comandar a segurança no ES, Rodney se aventurou pela política: foi deputado estadual pelo DEM e prefeito de Vila Velha. Atualmente, é secretário de segurança de Goiás.
O primeiro delegado federal do governo Eduardo, quando foi concebido o Pacto pela Vida, foi o paraibano Romero Meneses, que já tinha sido o número dois nacional da corporação. Mas foram apenas nove meses no comando da pasta. Em setembro de 2007. Meneses deixou o governo para voltar à cúpula da PF em Brasília. Em seu lugar veio o cearense Servilho Paiva, que comandou a SDS durante os primeiros anos de redução da criminalidade, mas saiu após se desentender com o então comandante da Polícia Militar sobre a negociação salarial dos oficiais da corporação.
Servilho foi substituído pelo ex-superintendente da PF em Pernambuco, Wilson Salles Damázio, um cuja gestão o Estado viu os melhores índices do Pacto — o ano de 2013 marcou as menores taxas de homicídios da história do Estado. Conciliador e boa-praça, Damázio gozava da total confiança de Eduardo Campos e dos comandos das polícias Civil e Militar. Até ser demitido, em dezembro daquele ano, após uma entrevista à repórter Fabiana Moraes, deste JC, em que dizia que mulheres tinham fetiche por homens de farda.
No lugar de Damázio veio o baiano Alessandro Carvalho. Também de perfil conciliador, ele foi o mais longevo ocupante da pasta. Ficou 46 meses entre dezembro de 2013 e outubro de 2016. Mas foi durante sua gestão que o Pacto pela Vida começou a perder força e os números pioraram. As associações classistas, principalmente as da Polícia Militar, também se constituíam em calo para a administração, com constantes ameaças de greve.
Em um cenário de violência galopante e de uma visível inquietação nas corporações, não restou alternativa ao governo senão trazer um delegado de pouca conversa e perfil linha dura. O carioca Angelo Gioia veio com a clara missão de quebrar a espinha dorsal das organizações de classe e resgatar a disciplina nos comandos das polícias. E o fez. Durante os breves oito meses em que ocupou a pasta (outubro de 2016 a junho de 2017), dirigentes sindicais foram expulsos da PM e policiais que participaram de manifestações por melhores salários terminaram presos. Alegando questões pessoais, Gioia deixou a SDS em junho de 2017 e voltou para o Rio de Janeiro.
A motoniveladora que ele passou sobre as polícias aplanou o caminho para que seu adjunto, o discreto e reservado Antônio de Pádua pudesse ter tranquilidade para tocar a retomada do Pacto pela Vida. Pádua comandou a SDS no pior ano da história da violência em Pernambuco: 2017, quando foi registrado o recorde de 5.426 assassinatos no Estado. Mas também é o timoneiro da curva decrescente nos homicídios desde 2018.
Veja a lista de PFs no comando da SDS:
Rodney Miranda (abril a dezembro de 2006)
Romero Meneses (janeiro a setembro de 2007)
Servilho Paiva (setembro de 2007 a abril de 2010)
Wilson Damázio (abril de 2010 a dezembro de 2013)
Alessandro Carvalho (dezembro de 2013 a outubro de 2016)
Angelo Gioia (outubro de 2016 a junho de 2017)
Antônio de Pádua (junho de 2017 até hoje)