Com pedaços de madeira e argila, o artista Joelson Gomes fez uma intervenção temporária na casa-grande do Engenho Massangana, onde ele viveu uma residência artística nos últimos dias. Na frente das "paredes" erguidas em parte do pátio interno da antiga construção, ou nos espaços deixados entre elas, foram colocadas algumas peças criadas pelo pernambucano, como um pássaro de cerâmica com uma caixa de música guardada em sua base, dispositivo que pode ser acionado pelos visitantes da exposição Infinitamente. A mostra é inaugurada neste sábado (23/5), no engenho localizado no Cabo de Santo Agostinho, aberta ao público das 9h às 16h30.
O Engenho Massangana é um dos espaços da Fundação Joaquim Nabuco, que convidou Joelson para a experiência no local (veja como chegar). A exposição faz parte da programação do Museu do Homem do Nordeste (Muhne) para a 13ª Semana Nacional de Museus - iniciativa que, em 2015, segue o tema Museus para uma Sociedade Sustentável. É do Muhne (Av. 17 de Agosto, 2187, Casa Forte) que um ônibus parte hoje em direção ao Cabo, transportando gratuitamente os interessados em visitar a mostra. A saída está prevista para as 10h e, o retorno ao Recife, para as 16h. As vagas são limitadas e as reservas são feitas por telefone (3073-6356).
"Aqui falo sobre o humanismo, sobre a relação do ser humano nesta terra. Acho que é uma das funções do artista refletir sobre as questões", afirma Joelson. "Sou do mato, muito ligado a essa coisa do campo. Todos os dias, acordo querendo matar esse ego, essa coisa de 'ser artista'. Quero seguir fazendo as coisas, me expressando, refletindo sobre as questões que surgem", diz ele sobre o processo que envolve a criação de Infinitamente.
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"Nesta mostra, falo sobre coisas inerentes ao humano. Às vezes, parece que algumas pessoas fingem não entender. Falo sobre bem-estar, sobre ecologia, várias questões. São coisas sobre as quais precisamos pensar. É para o meu filho, para o meu neto, para o filho de qualquer ser humano. O óbvio, não é?", questiona o artista. "Mas hoje tem tanto lixo, as pessoas pensam que aquilo não reflete na vida? Tenho o privilégio de ter conquistado condições para estar em um lugar confortável. Mas sei que é um privilégio. Existem muitas pessoas vivendo em lugares inóspitos", continua ele.
Nesta residência, ele teve como assistentes Valdick Graciano e Jairson Rocha. Nas paredes erguidas por eles com ripas de madeira e argila depositada com as mãos, a organicidade dos materiais é ressaltada. Há algumas formas que se repetem na intervenção, como as dos vasos que, empilhados, criam colunas. Ou a dos tijolos nos quais está gravada a palavra "repetir", peças que Joelson pediu ao amigo e artista José Paulo para usar na mostra.
"A obra é delicada, suave, não adianta agressão. Você não consegue nada com violência", pontua Joelson. "Como imagem, criei esta estrutura das paredes para interferir na arquitetura do local, que é um patrimônio histórico, sem agredir. Eu queria dar outra cara para o lugar por um período", explica o artista.
O texto completo está no Caderno C deste sábado (23/5), no Jornal do Commercio.