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Engenho Massangana: uma volta no tempo e na história

10ª reportagem da série sobre os engenhos de cana-de-açúcar de Pernambuco mostra, hoje, a nova ocupação da casa-grande onde morou Joaquim Nabuco. Transformado em museu, com salas para palestras e audiovisual, o Engenho Massangana, na Região Metropolitana do Recife, conta a história do famoso abolicionista a visitantes de todo o Brasil e do exterior, em especial portugueses. A série, iniciada em 25 de janeiro deste ano, termina no próximo sábado

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 05/04/2014 às 16:36
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Localizado no Cabo de Santo Agostinho, município ao Sul do Grande Recife, o Engenho Massangana está aberto ao público desde dezembro de 2010, depois de passar por obras de restauração. No casarão de 765 metros quadrados, construído no início do século 19, a Fundação Joaquim Nabuco, que administra o espaço, montou a exposição permanente Massangana e Nabuco – O tempo revisitado.

A mostra, na verdade, é uma aula de história com uma hora e 40 minutos de duração e extrapola as paredes da casa-grande. Logo na chegada, ainda no quintal, o visitante se depara com uma moenda enorme de madeira. A almanjarra, confeccionada em 1875, veio do Sertão da Bahia e foi usada no filme Abril Despedaçado (lançado em 2001 e dirigido por Walter Salles), conta o coordenador dos trabalhos educativos do engenho, Marcos Antônio Silva.

Na casa-grande, que passou por uma série de reformas e não é mais a mesma da época de Nabuco, a fundação recriou os ambientes típicos de uma família escravocrata do século 19. Cadeiras de palhinha, espelhos e relógios decoram a sala principal. O quarto do casal está mobiliado com cama, cômoda e móvel de apoio para o lavatório (uma jarra d’água na parte superior) e o penico.

Os móveis, informa Marcos Antônio, vieram da reserva técnica da fundação, do Museu do Estado de Pernambuco e do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. “São antigos, mas não ambientaram a casa no período em que Joaquim Nabuco morou em Massangana”, esclarece. A única exceção é uma mesinha, cedida pelo Instituto Arqueológico e colocada na sala de jantar, que pertencia ao engenho nos anos em que Nabuco viveu lá.

De dimensões generosas, a sala de jantar é composta de uma mesa pronta para o almoço ou a ceia (cabem dez pessoas, sem aperto) e uma cristaleira. Nela, e em todos os cômodos, o visitante encontra um banner com frases tiradas do livro Minha Formação, publicado em 1900 por Joaquim Nabuco, no qual ele relata vivências no engenho, onde morou com os padrinhos até os 8 anos de idade.

“Minha madrinha ocupava sempre a cabeceira de uma grande mesa de trabalho, onde jogava cartas, dava a tarefa para a costura... provava o ponto dos doces”, reproduz o banner instalado na sala de jantar. A madrinha, Ana Rosa Falcão de Carvalho, morreu em 1857 e está enterrada na Capela de São Mateus, atrás da casa-grande, o mesmo local onde o menino Nabuco se batizou. A partir desse ano, ele passa a viver com os pais.

Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
Na série dos engenhos, o Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, volta no tempo e na história - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Na série dos engenhos, o Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, volta no tempo e na história - Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Político e diplomata, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910) nasceu no sobrado de número 147 da Rua da Imperatriz, Centro do Recife. Apesar de educado numa família escravocrata, tornou-se abolicionista e lutou em favor dos escravos. O casarão da sua infância, situado no km 10 da PE-60, no Cabo, foi desapropriado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 1972 e doado ao governo do Estado em 1983.

As várias reformas realizadas na edificação preservaram o pátio interno, considerado raro na arquitetura pernambucana, de acordo com arquiteto e estudioso dos engenhos de cana-de-açúcar Geraldo Gomes, professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O casarão, repassado à Fundação Joaquim Nabuco, integra a lista de bens tombados pelo Estado.

O nome do engenho está ligado ao Riacho Massangano, que corria na região e servia para o transporte do açúcar até o porto. A palavra, de origem africana, significa foz, lugar onde rios se juntam. Painel afixado na área do pátio interno explica aos visitantes que a forma feminina – Massangana – aparece pela primeira vez no livro Minha Formação.

O Engenho Massangana fica aberto da terça-feira ao sábado, das 9h às 16h30, com entrada gratuita e mediadores para acompanhar o público. Só as escolas precisam agendar previamente (81 3527-4025 ou [email protected]). “Às demais pessoas, basta identificar-se na portaria”, convida Marcos Antônio.

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