Nas três séries que apresenta em sua nova exposição individual no Recife, o artista plástico Maurício Silva trabalha com alguns materiais descartados – ferramentas, tíquetes de metrô ou cascas de pistache. Eles são utilizados, de maneiras distintas, na execução das pinturas e peças em cerâmica agora reunidas na mostra Mais, Menos ou Quase Tudo. Ela é inaugurada nesta terça-feira (11/8), às 19h, na Arte Plural Galeria (para convidados).
Maurício Silva define esta exposição como retrospectiva de um período da vida dele, relacionado à mudança com a família para a França, onze anos atrás. Entre as obras, há duas pinturas que estavam entre as três com as quais Maurício participou da Bienal do Mercosul (1999), mas que ainda não tinham sido mostradas no Recife. "Achei que elas tinham a ver com a nova fase na minha carreira. Eu trabalhava muito com a figura. Na França fui fazendo um tipo de trabalho que chamo de abstracionismo geométrico informal. Se você olhar para estas pinturas (as da Bienal), pode identificar ossos, pedras e cristais. Este outro painel (Instrumentos da paisagem) representa o que faço atualmente", afirma Maurício.
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Também fazem parte da série Instrumentos da paisagem cerâmicas que o artista esculpe seguindo o formato de objetos com uma pá e um machado. As outras peças em cerâmica são cabeças similares às que o artista criou e enterrou na Fábrica Tacaruna em 2002, durante o 45º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco.
De volta às pinturas, a série Suíte Pistache foi a primeira do período em que o artista passou a morar na França. Ele dispõe as pequenas cascas sobre a tela, criando linhas, como uma máscara entre as aplicações das camadas de tinta. Quando o material é retirado, surgem pontos de outra cor.
As pinturas são reunidas em composições maiores, que podem mudar a cada exposição ou na casa do colecionador. Olhando de perto ou de longe, o observador tem impressões distintas da pintura (algo semelhante ao que ocorre quando, ao se aproximar de outdoors, a pessoa vê os pontos que formam a imagem).
O mesmo acontece com as obras da série Aller et Retour, nas quais o artista compõe aproveitando as formas dos bilhetes de metrô. Maurício cola os pequenos papéis em diferentes posições, faz dobraduras e pinta sobre eles. Olhando de perto, nota-se as inscrições de data, hora e local, além de anotações.