Fotografia

Personagens populares que estão na memória do Recife

Fotografias feitas pelo pesquisador Liêdo Maranhão agora estão reunidas em um site para consulta pública

JC Online
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Publicado em 26/07/2016 às 6:00
Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
FOTO: Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
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O Bairro de São José dos anos 1970, frequentado por ambulantes, artistas populares, prostitutas e figuras inusitadas que habitam a memória afetiva do passado recifense, serviu de estudo e pesquisa para o colecionador Liêdo Maranhão (1925-2014), um dos mais conhecedores da cultura pernambucana. Autor de livros, cordéis e artigos, Liêdo registrou a história pernambucana através do relato sobre o povo e seus causos. No entanto, uma das nuances menos conhecidas do pesquisador, a fotografia, só agora ganha mais evidência dentro de seu acervo particular.

Um apanhado de 100 imagens feitas por Liêdo Maranhão estão disponíveis, a partir de hoje, em um site (www.liedomaranhao.com) criado pelo fotógrafo Josivan Rodrigues para reunir essas relíquias. O projeto Liêdo – Fotógrafo do Povo é lançado às 19h, na Orbe, no Centro do Recife, com palestra de Josivan Rodrigues, do filho de Liêdo, Roman Maranhão, e do historiador Sandro Vasconcelos. 

“Eu tenho trabalhado com acervo histórico, no Museu da Cidade do Recife, sobretudo com fotografia. Conheci o trabalho de Liêdo pelos seus estudos populares. Conservando com ele, descobri que em determinado momento de sua pesquisa, precisou virar fotógrafo, para dar corpo aos estudos que estava fazendo”, conta Josivan Rodrigues, que logo se interessou em descobrir mais sobre as fotos de Liêdo.

“São fotos pouco conhecidas e exploradas. Muita coisa era guardada. Pensando nisso, criei um projeto de salvaguarda desse acervo”, explica o fotógrafo. A 2 mil fotografias, em preto e branco, foram catalogadas, higienizadas e digitalizadas pelo projeto. E uma mostra delas, 100 imagens, estão no site. “No site está uma amostra do todo. Quem quiser comprar as fotos precisa entrar em contato com Roman Maranhão, que está à frente da Casa da Memória Popular, em Olinda.”

A ideia de Josivan é, em breve, transformar em livro o acervo digitalizado.

Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
O contorcionista Borrachinha - Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
O lambe-lambe Expedito Lima de Barros - Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
A barbearia de rua Cavalo de Aço - Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
O Mercado de São José, Centro do Recife - Liêdo Maranhão/Acervo/Divulgação
O camelô Nelson, oHomem da Cobra -

 

PERSONAGENS POPULARES

As imagens descobertas por Josivan registram personagens icônicos da cultura popular pernambucana, incluindo figuras que viraram expressões folclóricas. “Um exemplo é a figura do Homem da Cobra, um mito. É aquele ambulante que fala demais, que estava na rua vendendo suas coisas e virou expressão. Era um homem que não parava de falar, que virou o dito ‘fala mais do que o Homem da Cobra’, porque usa a bicho para chamar a atenção das pessoas”, lembra Josivan.

Além do Homem da Cobra, entre as fotos ainda há retratos de contorcionistas, do barbeiro de rua, vendedores, cordelistas, poetas e artistas de circo – pessoas que estavam próximo ao Mercado de São José daquele período, cartão-postal da capital pernambucana.

As fotografias do projeto Fotógrafo do Povo são parte de um acervo de 15 mil a 17 mil peças deixado por Liêdo Maranhão, mantido com esforço pelos herdeiros do pesquisador e administrado pelo filho dele, Roman Maranhão.“O acervo se encontra na casa onde Liêdo morava. Eu mesmo estou cuidando do material. É um processo que tem dificuldades, como mofo e cupim, mas a gente está contornando”, diz Ronan. “Por enquanto, não tivemos nenhuma proposta para criar um museu, mas essa era a vontade do meu pai”, completa. 

 

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