PERDA

Morre aos 83 anos o escultor pernambucano Ypiranga Filho

Pioneiro na escultura em metal em Pernambuco, o artista plástico faleceu na sexta (11)

JC Online
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Publicado em 14/10/2019 às 11:35
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Pioneiro na escultura em metal em Pernambuco, o artista plástico faleceu na sexta (11) - FOTO: Foto: Divulgação
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O artista plástico pernambucano Ypiranga Filho, um dos principais nomes da escultura no Nordeste, morreu na última sexta (11), vítima de um AVC . O enterro aconteceu no sábado, no Memorial dos Guararapes.

Ypiranga é um dos principais nomes da geração que, segundo o curador Raul Córdula, continuou a reinventar a modernidade em Pernambuco. Nos anos 1960 e 1970, ele produziu um trabalho renovador na escultura pernambucana, utilizando principalmente metais e resíduos industriais na sua obra. Também teve uma produção intensa de gravuras, em técnicas variadas, e de desenhos.

Em 2018, Ypiranga Filho foi tema de uma exposição retrospectiva no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), com mais de 100 obras reunidas. Na ocasião, foi lançado o livro Ypiranga – Esculturas, Gravuras, Desenhos, Transbordamentos, organizado por sua esposa, Lêda Régis, e editado pela Cepe Editora.

FORMADOR

Para Joana D'Arc Lima, curadora da exposição no Mepe junto com Córdula, uma das grandes contribuições de Ypiranga, para além da sua arte, está na formação de artistas pernambucanos. Ao contrário da geração anterior, o escultor construiu a sua trajetória dentro da Academia de Belas Artes, vista como acadêmica, com regras restritas e um cânone bem definido. “Ele e seu grupo alargam a experiência formativa de dentro desse espaço e a ampliam a possibilidade da quebra de regas. Essa quebra de regras se materializa no uso de materiais não tradicionais no campo das artes plásticas, como o ferro, os cabos de vassoura e os materiais ordinários da vida cotidiana. E, de certa maneira, ao apresentar isso dentro da escola, ele faz as Belas Artes legitimarem o assunto”, aponta a pesquisadora.

Segundo Raul Córdula, Ypiranga, além de ser uma grande pessoa, de generosidade enorme, também foi um pioneiro e um vanguardista na escultura brasileira, especialmente no Nordeste. “É uma perda muito grande. Espero que a memória dele, de alguma maneira, fique registrada, seja propaga na cidade. Não temos, acredito, uma escultura de Ypiranga para o público pode ver. Não é uma questão de justiça com ele, mas de cidadania para todos”, aponta.

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