Crime cometido em 2002

Com Carla Diaz, filmes sobre caso de Suzane von Richtofen ganham trailer

A estreia simultânea de 'A Menina que Matou os Pais' e 'O Menino que Matou meus Pais' está prevista para 2 de abril

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Publicado em 03/02/2020 às 20:39
Reprodução de vídeo/Galeria Distribuidora
A estreia simultânea de 'A Menina que Matou os Pais' e 'O Menino que Matou meus Pais' está prevista para 2 de abril - FOTO: Reprodução de vídeo/Galeria Distribuidora
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A 'Menina que Matou os Pais' e 'O Menino que Matou meus Pais', filmes sobre o crime cometido em 2002 por Suzane von Richtofen e os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos e ficou conhecido como o Caso Richtofen, tiveram seus trailers divulgado nesta segunda-feira (3).

Cada um dos longas retratará a versão de um dos lados: o de Suzane (O Menino que Matou meus Pais), e o de Daniel (A Menina que Matou os Pais). A estreia simultânea está prevista para 2 de abril no Brasil.

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Veja o trailer dos filmes sobre caso de Suzane von Richtofen

Carla Diaz interpreta Suzane von Richtofen e Leonardo Bittencourt seu namorado, Daniel Cravinhos. Os pais da jovem são vividos por Leonardo Medeiros (Manfred von Richtofen) e Vera Zimmerman (Marísia von Richtofen).

O irmão de Suzane, Andreas von Richtofen, é feito por Kauan Ceglio. O elenco ainda conta com Debora Duboc (Nadja Cravinhos), Augusto Madeira (Astrogildo Cravinhos), Allan Souza Lima (Cristian Cravinhos), Marcelo Varzea (juiz Anderson), Fernanda Viacava (Flora), Taiguara Nazareth (policial) e Gabi Lopes (namorada de Cristian).

Os filmes são uma produção da Santa Rita Filmes em coprodução com a Galeria Distribuidora e o Grupo Telefilms.

Livro revela trama violenta da morte dos Richthofen

O relato que o jornalista Ullisses Campbell faz do assassinato do casal Marísia e Manfred no livro 'Suzane Assassina e Manipuladora' é de arrepiar. Num crime que marcou a história recente da crônica policial paulistana pela crueldade do ataque, a filha do casal, Suzane, foi condenada a 39 anos de prisão por planejar e ajudar a executar o macabro plano de matar o pai e a mãe a pauladas em outubro de 2002.

A obra de Campbell lançada pela Matrix Editora no dia 23 de janeiro, em São Paulo, foi liberada para publicação por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão de 18 de dezembro. O ministro negou censura prévia ao livro, pedida pela condenada, e cassou decisão da Justiça que impedia a chegada do livro às livrarias.

"Houve manifesta restrição à liberdade de expressão", escreveu o ministro do Supremo, cassando a proibição determinada em novembro. "A democracia não existirá e a livre participação política não florescerá onde a liberdade de expressão for ceifada", justificou Moraes na sentença.

O livro lembra que quando foi assassinado, o engenheiro Manfred tinha 49 anos e a mulher dele, Marísia, 50 O casal, pais também de Andreas, à época um adolescente, foi trucidado a pauladas dentro do quarto de dormir pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, ajudados por Suzane. Interrogados, os Cravinhos confessaram a barbárie poucos dias depois. Daniel era namorado de Suzane Louise von Richthofen, à época com 18 anos, e, segundo documentos do inquérito consultados pelo autor do livro, teve participação direta na trama que levou ao convencimento dos cúmplices e ao duplo assassinato.

Em dez capítulos, o livro de Campbell dá detalhes do início do namoro, das relações familiares daqueles dias e do planejamento das mortes. Reconstrói também os momentos chocantes da noite do crime e relata com minúcias os minutos de terror, desvendados pela investigação e pelas confissões, além de mostrar como os três condenados pela brutalidade viveram os últimos anos na cadeia.

Num trabalho de apuração de pelo menos três anos, o autor pesquisou nas seis mil páginas do processo, autos que estiveram disponíveis para consulta até maio de 2016, quando passaram ao sigilo. Ele entrevistou mais de 50 pessoas em presídios nos quais Suzane viveu e 16 agentes penitenciários e fez uma dúzia de visitas à Penitenciária Masculina de Tremembé, interior de São Paulo, onde falou com apenados e amigos dos Cravinhos, colegas deles na cadeia. O próprio Cristian, encarregado de destruir a cabeça de Marísia, enquanto Daniel matava Manfred, concedeu diversas entrevistas para o livro.

Uma dezena de profissionais especializados em psicologia forense também foi consultada na busca do entendimento da agressão fatal perpetrada pela filha contra os próprios pais. Suzane aparece nas fotos da reconstituição policial do crime, registros feitos para esclarecimento da ação de cada um dos acusados. Ela cumpriu 14 anos de prisão antes de passar ao regime semiaberto. Segundo o livro, a assassina planeja casar-se e morar em Angatuba, no interior paulista. Procurada diversas vezes pelo autor, a última em abril, negou-se a dar entrevistas sobre o crime. Depois tentou impedir a publicação da obra recorrendo à Justiça, o que exigiu o recurso ao STF para garantir a publicação.

Campbell, que fez reportagens sobre o caso para a revista Veja, conta ainda na obra que Suzane já foi submetida por pelo menos três vezes - a última delas em 2018 - a uma avaliação psiquiátrica pelo Teste de Rorschach, que analisa personalidade, validado pelo Conselho Federal de Psicologia e que "já foi obrigatório na admissão de delegados da Polícia Federal". Foi reprovada em todos os testes.

Mesmo assim, lembra o autor, Suzane ganhou na Justiça o direito de cumprir a pena em regime semiaberto e vem tentando conseguir a condição de cumprimento do restante da condenação no regime aberto. Em suas justificativas, ressalta Campbell, Suzane, hoje com 36 anos, argumenta que não se considera "uma psicopata".

Suzane von Richtofen é aprovada no Sisu e pode estudar Turismo

Suzane foi classificada em oitavo lugar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para o curso de Gestão em Turismo do Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Educação de São Paulo, unidade de Campos do Jordão, no Vale do Paraíba, interior paulista. Suzane cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Feminina de Tremembé, na mesma região. Ela concorreu a uma vaga no curso noturno e somou 608,42 pontos, 24 a menos que a candidata com a melhor pontuação. No total, 36 estudantes foram classificados. A escola é pública, vinculada ao Ministério da Educação.

A presa usou a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para obter a classificação. A direção do Instituto informou que o curso é presencial e as aulas acontecem entre 19 horas e 22h40 Suzane tem até o dia 4 de fevereiro para fazer a matrícula - as aulas começam no dia 5. A legislação brasileira prevê que os presos em regime semiaberto podem trabalhar e estudar fora da prisão. No caso do estudo, o retorno deve-se dar logo após o período de aulas.

Em 2016, quando a presa já estava no semiaberto, a justiça autorizou a jovem a frequentar o curso de Administração em universidade particular de Taubaté. Com medo do assédio, ela acabou desistindo. Em 2017, Suzane foi pré-selecionada para obter recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e fazer o curso em outra faculdade de Taubaté, mas não concluiu a matrícula. Trabalho e estudo fazem parte do processo de ressocialização do preso e também contam para a remição (desconto de dias) na pena.

Desde que passou do regime fechado para o semiaberto, em 2015, a detenta é beneficiada com as saídas temporárias da prisão. Nos últimos dois anos, a defesa da jovem vem tentando sua progressão ao regime aberto, para cumprir o restante da pena fora da prisão. Suzane foi submetida a testes e, em 2018, a justiça negou o pedido. Um novo pleito está sendo analisado.

A Defensoria Pública de Taubaté informou que não se manifesta sobre o caso por estar em segredo de justiça. Procurado, o promotor do caso, Paulo José da Palma, do Ministério Público de Taubaté, não havia dado retorno até o encerramento da reportagem A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que a autorização para Suzane frequentar a universidade depende da Justiça, que poderá definir uso ou não de monitoramento. Caso seja autorizada, o transporte deve acontecer por meio de recursos próprios da sentenciada. Procurada, a Vara de Execuções Criminais de Taubaté não se manifestou.

 

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