Babilônia tem muita repercussão, mas audiência é considerada baixa

Da estreia até o décimo capítulo, o folhetim das nove conseguiu uma média de 27,7 pontos no Ibope

Alex Carvalho/TV Globo/Divulgação
Da estreia até o décimo capítulo, o folhetim das nove conseguiu uma média de 27,7 pontos no Ibope - FOTO: Alex Carvalho/TV Globo/Divulgação

Em 50 anos, a Rede Globo nunca teve uma audiência tão ruim no horário nobre como a de Babilônia, novela das 21h, segundo o Ibope. Do capítulo de estreia ao décimo, o folhetim prendeu a atenção de apenas 42,5% dos telespectadores (o número registra quantas televisões estiveram ligadas) e conseguiu 27,7 pontos de média. Dona de uma dramaturgia bastante antenada com os assuntos em voga na sociedade e com um olhar crítico sobre preconceitos, a novela sofre a chamada "caça às bruxas", como definiu a atriz Fernanda Montenegro.

Babilônia mexe com o que é tabu para alguns. Os beijos entre o casal Estela e Teresa incomodaram muita gente, ao ponto de instigar até uma onda de boicote cuja bandeira foi levantada pela bancada evangélica da Câmara Federal. O fato de constituírem uma família e trocarem carinhos fez com que as personagens das atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg despertassem ódio em muitas casas da vida real. No entanto, segundos os autores, não haverá mudanças na trama.

Além do falado boicote, outros pontos são analisados por quem acompanha telenovelas como possíveis motivos para que Babilônia tenha estes números de audiência. Há quem cogite que pode estar fazendo falta um embate mais direto entre Inês (Adriana Esteves) e Beatriz (Gloria Pires), por exemplo. Outros, pelo contrário, comentam que "há muita maldade" na história. A concorrência de outras emissoras no horário também é lembrada. 

E a novela segue abordando outros temas. No capítulo da última segunda-feira (30/3), a trama tocou, de uma só vez, em mais dois assuntos que têm alimentado muitos debates na sociedade brasileira: O sistema de cotas para vagas nas universidades e o preconceito racial (este último, aliás, que muitos insistem em fingir que não existe). Após falar com Inês (Adriana Esteves) no corredor do prestigiado escritório onde trabalha, a advogada Paula (Sheron Menezes) comenta com uma colega: "Minha vacina anti-racista está em dia. Essa daí não me tira do sério não".

Em seguida, Paula entra na sala de Teresa (Fernanda Montenegro), sua chefe, que lhe entrega o primeiro contra-cheque após uma promoção e lhe dá um bônus grande por ela ter vencido uma causa. "Você é o melhor quadro aqui do escritório", elogia Teresa, ao que Paula responde: "Sabe o que eu queria fazer com esse cheque? Esfregar na cara de todas as pessoas que riram de mim por eu ter entrado na faculdade pelo sistema de cotas".

"Aí é fazer como diz aquela grande pensadora contemporânea: Beijinho no ombro para as invejosas", conclui a personagem de Fernanda Montenegro, com sarcasmo, fazendo uma referência à música da funkeira carioca Valesca Popozuda, Beijinho no ombro

Em seu perfil oficial no Instagram, Valesca compartilhou o vídeo da cena:

 

Na internet, Babilônia virou alvo de críticas e boicotes, principalmente por grupos religiosos. A novela ainda fala sobre o aborto, cuja legalização é discutida atualmente no Brasil. O assunto aparece no núcleo ao qual pertence o prefeito Aderbal (Marcos Palmeira). Ele diz para Rosângela (Jurema Reis), que está grávida dele, interromper a gravidez. Mas, após uma foto dela ser publicada no jornal em uma matéria sobre uma clínica clandestina, ele demite a empregada e depois diz aos jornalistas que é contra o aborto (quando, na verdade, estava preocupado com a repercussão do caso para sua carreira política).

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