Bia Arantes: 'Sabemos que o amor é livre'

Em entrevista ao JC, a atriz fala sobre a virada de sua personagem em 'Órfãos da Terra', analisa a trama e dá uma lição de tolerância à diversidade

Foto: Jacques Dequeker/Divulgação
Em entrevista ao JC, a atriz fala sobre a virada de sua personagem em 'Órfãos da Terra', analisa a trama e dá uma lição de tolerância à diversidade - FOTO: Foto: Jacques Dequeker/Divulgação

Na reta final da novela Órfãos da Terra (Globo), Bia Arantes se surpreendeu com o destino de sua vilã Valéria ao se apaixonar por sua melhor amiga, Camila (Anaju Dorigon). Ao JC, a atriz fala desta virada da personagem, analisa a trama e dá uma lição de tolerância à diversidade. Confira:

ENTREVISTA: BIA ARANTES

JORNAL DO COMMERCIO – Bia, o romance de Valéria te surpreendeu na novela? Como foi o momento que você recebeu as cenas mais diretas de sua personagem sobre essa virada?
BIA ARANTES – Me surpreendeu bastante, pois não era algo previamente escrito para acontecer na história da Valéria, então foi uma novidade para nós duas, que inclusive somos muito amigas. Tudo isso foi uma surpresa muito boa, que surgiu ao longo da trama e quando soubemos que íamos trabalhar juntas, eu e Anaju, fazendo um casal, foi bem legal. Gostamos muito!

JC – Você acredita que o amor dela por Camila foi a melhor forma de redimir as vilanias da Valéria?
BIA – O amor das duas fez com que elas se tornassem pessoas melhores. Embora as duas tenham se identificado por ambas terem um desvio de caráter, estão evoluindo depois desse amor, e isso é algo muito bonito. Com certeza a Valéria e Camila mudaram muito após descobrirem seus sentimentos. Considero isso algo bem especial no processo de construção de um ser humano.

JC – Órfãos da Terra termina nesta semana. Como você avalia a trama como um todo?
BIA – Foi um trabalho muito importante, socialmente falando. Muito bom poder abordar uma temática como a dos refugiados no Brasil. É uma trama que me encantou pela beleza, pelos parceiros de cena que conheci. Profissionalmente e pessoalmente foi enriquecedor e me sinto muito honrada em ter feito parte.

JC – O que mais te chamou a atenção no texto de Duca Rachid e Thelma Guedes nesta novela?
BIA – A mensagem política e social da novela, sobre tudo pelo viés das abordagens dos refugiados, porque é uma trama com propósito de entreter, mas de também passar mensagens importantes que fomentam reflexões. Sinto que a novela explorou realidades diferentes e que abre os olhos do público, e isso é incrível.

JC – Você tem recebido feedbacks do público LGBT sobre situações semelhantes a Valéria e Camila na vida real? Você percebe uma torcida do público para “Vamila”?
BIA – Tenho recebido um carinho muito legal. Estou grata pelos feedbacks, pois eles têm sido bem especiais. As pessoas dizem que se identificam, que a novela tem proporcionado representatividade. Vejo que as personagens são queridas. E poder falar que o amor vence, através de uma história tão significativa, é algo que me alegra muito.

JC – Por ser mulher, já um machismo intrínseco. E há um preconceito maior quando ela assume um romance homoafetivo. Que reflexões você fez, enquanto pessoa física e atriz, sobre esse momento de sua personagem?
BIA – Percebo que estamos tentando quebrar um padrão de comportamento social que vem sendo alimentado ao longo dos anos, que fomenta apenas a aceitação dos héteros. E sabemos que o amor é livre. Não tem gênero. E que no campo do gênero e sexualidade cabem as mais diversas identidades de gêneros e orientações sexuais, e não há nenhum problema nisso. Como atriz e mulher, quero usar minha voz para trazer discursos de acolhimento, respeito a individualidade, ao amor do outro. Quanto mais falamos desses assuntos, mais possibilidades de desconstrução existem. E acredito que o mundo vai ficando melhor quando não aceitamos nos calar.

JC – Há uma grande migração de atores da TV para o mercado do streaming. Essa possibilidade também é vislumbrada por você depois de Órfãos da Terra?
BIA – Eu quero sempre é trabalhar com a minha arte. Mais do que qualquer formato em que eu esteja, o que vislumbro são bons personagens, com personalidades marcantes, e histórias que possam tocar o público.

JC – Analisando toda a trajetória da Valéria na trama, que conselho você daria a ela e que serve para o público em geral?
BIA – Eu diria a Valéria para nunca se perder em relação as suas essências, aos seus valores, aos seus propósitos. Porque estamos aqui para evoluir e nos nutrimos de amor próprio, para que isso possa ser ofertado também.

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