Ariano Suassuna

Um ano após sua morte, Ariano Suassuna protagoniza filme inédito de Walter Carvalho

Longa-metragem gravado em Pernambuco não tem previsão de lançamento, mas mostra Ariano em imagens raras

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 23/07/2015 às 6:24
Walter Carvalho/Divulgação
Longa-metragem gravado em Pernambuco não tem previsão de lançamento, mas mostra Ariano em imagens raras - FOTO: Walter Carvalho/Divulgação
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“Vou morrer, mas meus personagens vão viver para sempre.” Foi assim que o Ariano Suassuna se despediu do mundo real, na sua última aparição pública, em dia 18 de julho de 2014, em aula-espetáculo em Garanhuns. Há exato um ano, o escritor e dramaturgo, um paraibano de Pernambuco, encantou-se.

Como garantiu, Ariano permanece vivo, através de suas obras, personagens e inúmeras histórias sobre o Brasil. Nos seus últimos anos, ele se dividia entre as aulas e as gravações de um projeto para a TV Sesc, Ariano Conta o Nordeste, no qual percorria estados que tão bem conhecia para recontar, através lugares-símblos, a história do povo brasileiro. Questões burocráticas e orçamentárias dificultaram a continuidade do projeto, que chegou a ser gravado em Pernambuco, Alagoas, Bahia, Ceará e Sergipe. 

Todo o material gravado está inédito. Parte dele, com imagens e falas de Ariano registradas em Pernambuco, vai virar o longa-metragem O Sertão de Ariano. Quem adianta a novidade é o diretor Walter Carvalho, que espera a liberação das imagens para poder marcar o lançamento do filme. Gravado entre 2010 e 2011, o escritor visita lugares emblemáticos de Pernambuco, todos caros a Ariano. 

“Fizemos um roteiro, eu e Ariano, a partir das ideias dele. Fizemos uma viagem, juntos, desde a Pedra do Reino, em São José do Belmonte, até o Litoral, passando pela Igreja de Igarassu (a pinacoteca do Convento de São Antônio, lugar que o escritor adorava). Pontos estratégicos da cultura pernambucana”, lembra Walter, que dirigiu a fotografia da minissérie A Pedra do Reino (2007), de Luiz Fernando Carvalho a partir do romance suassuniano.

“Levei Ariano, em 2011, ao Sitio Arqueológico Alcobaça, em Buíque. Ele não conhecia pessoalmente e quem me indicou foi seu filho (Manoel) Dantas Suassuna, meu amigo”, conta Walter. “Chegamos a pé na Serra Alcobaça, numa longa caminhada. Ariano ficou desenhando, copiando os motivos rupestres dessa serra”, lembra o diretor, cuja ideia era seguir com Ariano Suassuna para a Paraíba, onde as filmagens começariam na Pedra do Ingá. 

O objetivo do diretor é o de que o filme saia, enfim, da gaveta – decisão que depende do Sesc. “Conversei com Dantas Suassuna, ele ia tentar recuperar esse filme de alguma forma. A ideia é fazer um acordo com o Sesc”, conta. 

Ariano chegou a assistir a imagens já editadas, antes de morrer. Segundo Walter, ficou emocionado com o resultado. “Ele me ligou, depois, chorando de emoção. Ariano ficou muito feliz com esse trabalho. Era uma coisa que eu gostaria muito de recuperar.”

CELEBRAÇÃO

Domingo (23), às 8h, haverá uma missa na Ilumiara Pedra do Reino, em São José do Belmonte, Sertão de Pernambuco, em memória de Ariano. O local da celebração foi escolhido pela família do escritor; seu filho, o artista plástico Manuel Dantas Suassuna, confirmou que participará da missa. Também estarão presentes a cantora Isaar França, violeiros, cantadores, coral e banda de pífanos. A Associação Cultural Perdra do Reino organiza a homenagem. 

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