Sonoridades

Bruno Lins dá vida ao 'Vereda Caminho', primeiro álbum solo

O músico recifense Bruno Lins, do Fim de Feira, buscou conciliar sonoridades bem fincadas e novas em seu primeiro disco

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 27/12/2018 às 9:52
Foto: José de Holanda/Divulgação
O músico recifense Bruno Lins, do Fim de Feira, buscou conciliar sonoridades bem fincadas e novas em seu primeiro disco - FOTO: Foto: José de Holanda/Divulgação
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Para um músico nascido e criado em Pernambuco, não é de estranhar que ritmos locais, como o forró, se tornem influência. Foi assim com Bruno Lins, em seu projeto Fim de Feira, iniciado em 2004. Entretanto, de lá para cá, outras sonoridades começaram a ganhar mais espaço, referendando os futuros trabalhos. Foi por querer sair da zona de conforto que o recifense matutou por quatro anos o Vereda Caminho, seu primeiro disco solo, em que coloca suas raízes regionais para conversar com inspirações globais.

"É um novo momento meu como letrista, compositor e músico, e, talvez, dentro do espectro do Fim de Feira, não tivesse liberdade para fazer. Há uma diferença até no discurso mesmo, comecei a abordar outras temáticas, ele é muito mais confessional e
alusivo a coisas que vivi e ouvi", relata Bruno.

Este novo processo criativo, de dentro para fora, dá espaço para que entrem folk, blues e rock. Assim, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro cedem espaço para nomes como Bob Dylan e Beatles dentro do virtuosismo de Lins, fazendo deste novo trabalho a chance de canalizar toda essa mistura.

Novos e velhos sons

Abrir para o novo não significa abandonar raízes tão bem fincadas. O alicerce de pífanos, triângulos, violas, cadências e cantorias estão lá, igualmente sólidos, mesmo que brinquem com guitarras, pianos, reggae e folk. "Minha experiência com o Fim de Feira me fez viajar bastante e encontrar outros matizes musicais do mundo. Não que eu ache que a música da gente deixe a desejar e fique à margem dessas outras expressões, mas essas coisas começam a povoar minhas composições também”, conta Lins.

Bruno também revisita expressões setentistas do rock, principalmente aos moldes do feito em Pernambuco, algo que alguns outros músicos do Estado, como Tagore e Juvenil Silva, vêm fazendo. "Acho que é natural como a história se repete. O que caracteriza essa geração antiga, fora a postura rock’n’roll da rebeldia, é uma contundência do discurso, porque a gente vive um momento de recrudescimento de vários aspectos morais, políticos e religiosos. Tem toda uma geração tentando construir pontes por meio da arte para que a gente não volte a viver tempos tão complicados como a década de 70", explica o músico.

Para conseguir fazer essa conciliação de ritmos, Bruno Lins precisou exercer a coletividade. Trouxe nomes como Amaro Freitas e seu piano jazzístico, Hugo Linns e sua renovação da viola, as fortes vozes de Isaar e Larissa Lisboa, além de Henrique Albino e Rodrigo Morcego.

A musicalidade de Vereda Caminho não foi almejada, mas criada com as diferenças individuais de cada instrumentista que passou por lá. As coisas ainda ficam mais fáceis com o entrosamento que tem junto aos músicos que o acompanham há um
bom tempo, como Lucivan Max (percussão), Luccas Maia (baixo), Thiago Rad (guitarra e violas), Marcio Silva (bateria) e Guga
Fonseca (teclados).

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