Reunião

Los Hermanos volta ao Recife para reafirmar diversos laços

A banda carioca Los Hermanos se apresenta hoje no Centro de Convenções e fala sobre cobrança por novos projetos, reuniões e novos públicos

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 12/04/2019 às 9:38
Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação
A banda carioca Los Hermanos se apresenta hoje no Centro de Convenções e fala sobre cobrança por novos projetos, reuniões e novos públicos - FOTO: Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação
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Há 12 anos, o grupo carioca Los Hermanos comunicou que faria uma pausa por tempo indeterminado. De lá pra cá, Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba anunciavam pontuais shows ou turnês, que, nas primeiras ocasiões, faziam surgir uma euforia entre os fãs sobre sempre ser um possível último show

A lista desses momentos foi crescendo: Em 2009, estavam no line-up do festival Just a Fest, ao lado de Radiohead e Kraftwerk. No ano seguinte, o Nordeste ganhou uma miniturnê e eles tocaram no extinto SWU. Se reencontraram igualmente em 2012, celebrando os 15 anos do grupo e em 2015, ambas com passagem pelo Recife. O quarteto carioca voltou a se reunir e faz show hoje no Centro de Convenções às 22h e os portões abrem às 18h.

Com a nova reunião vem um entendimento por parte do público de que não se trata de despedidas ou últimos shows. É apenas a forma da banda, que hoje conta com integrantes tão envolvidos em outros projetos e até morando em países distintos, encontrou para celebrar a sua marcante obra com velhos e novos admiradores. "Quando nos reunimos, há poucas diferenças nas dinâmicas entre nós. Apesar destes 12 anos que se passaram desde que resolvemos mudar o ritmo de nossa carreira, penso que existe um patamar de entendimento mútuo e intimidade que se mantém. Sinceramente, sempre que nos encontramos, mesmo que tenham se passado anos, parece que estivemos juntos no fim de semana anterior", explica o tecladista Bruno Medina.

Os caminhos foram diversos. Em 2008, ano seguinte ao anúncio da pausa da Los Hermanos, Marcelo Camelo já estreava projeto solo, o disco Sou. Atuou também como produtor e em 2014 lançou a Banda do Mar, idealizado junto a sua esposa, a cantora e instrumentista Mallu Magalhães, e o baterista português Fred Ferreira. Já Amarante, em 2007, montou a Little Joy com o baterista Fabrizio Moretti, da aclamada The Strokes, e a multi-instrumentista Binki Shapiro. Em 2013, lançou Cavalo, primeiro disco solo e bem recepcionado. Rodrigo Barba se envolveu em diversas bandas desde então –Jason, Latuya, Ramirez e Canastra. Já Medina chegou a acompanhar Adriana Calcanhotto em turnê, atuou como redator publicitário e teve uma coluna no G1.

Medina acredita que todos esses caminhos acabam somando positivamente e engrandecendo o momento da reunião, com cada membro trazendo o peso das experiências que tiveram. "Durante mais de uma década cada integrante da banda conduziu sua vida profissional da maneira que julgou mais adequada, e isso por si só se reflete em experiências distintas das que tínhamos anteriormente, quando só havia o Los Hermanos como canal de expressão artística", afirma.

14 anos depois, um novo som

Com a ajuda de uma rara compatibilidade de agendas, a nova reunião trouxe uma surpresa. No último dia 2, a banda lançou Corre Corre, a primeira música desde o longínquo ano de 2005. A canção, de levada leve e serena, foi composta por Marcelo Camelo, que achou ser a cara da Los Hermanos. Os demais membros resolveram tocar para experimentar e gostaram do resultado. "A música começou a ser tocada despretensiosamente durante os ensaios e as arestas foram sendo aparadas até chegar a versão final. Apesar do tempo, existe uma intimidade musical que não se perde", elabora o músico.

Pelo visto, Corre Corre é muito mais fruto de uma rara conjunção de disponibilidades nas vidas dos integrantes do que o prenúncio de uma nova fase produtiva da banda. É uma filha única e, segundo Medina, não há nenhum tipo de conversa sobre a gravações de irmãs para ela. "Por enquanto nosso foco está em curtir esse momento, de ter uma nova música para tocar nos shows após 14 anos e isso nos tem bastado", diz o tecladista.

Sobre as cobranças por novos projetos, Medina diz que o público parece compreender a situação da banda. "Acho que cobrança não seria exatamente a palavra. Imagino que uma boa parte dos nossos fãs tenha a expectativa de que em algum momento haja o lançamento de um novo álbum, mas provavelmente também entendem que as condições em que se inserem os membros da banda não são as mesmas que as da década passada", conta.

Um dos fatores que garantem a euforia ao anúncio de cada reunião e, agora, com o lançamento de novo material é a capacidade da música dos cariocas de atravessar gerações. Rostos jovens são sempre vistos nesses shows. A causa pode ser a capacidade da banda em atravessar momentos e ser dona de fases que conseguem carregar uma assinatura artística ao mesmo tempo em que vai amadurecendo e trazendo sonoridades distantes umas das outras. É só comparar o primeiro álbum, lançado em 1999, repleto de agitadas canções com temáticas amorosas bem adolescentes, com o 4, último disco lançado em 2005, com um virtuosismo mais amplo e sereno.

Los Hermanos volta ao Recife, um grande reduto de fãs que nunca ficou de fora das reuniões após a pausa oficial. A passagem pelo Abril Pro Rock de 1999, por exemplo, foi a primeira da banda em um grande festival, em que pôde testar seu repertório para um público que ainda não a conhecia. "Acredito que essa afinidade tenha a ver com o fato do Los Hermanos ser bastante diverso no sentido de referências. Como a cena musical de Pernambuco sempre foi muito plural, me parece que existe uma abertura para bandas como nós", conclui Medina. 

Serviço

Los Hermanos no Centro de Convenções - 22h - Ingressos: R$ 200 (inteira arena)/R$ 100 (meia arena)/R$ 400 (inteira camarote/R$200 (meia camarote) - Abertura dos portões: 18h

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