Energias, emoções, sensações e uma porrada de palavras fortes que animam e fazem pensar. Tudo isso, e muito mais, definem a composição artística de Letrux. Dona de um discurso repleto de poderes e mensagens políticas, a carioca faz dos seus shows um instrumento que impulsiona o pensamento crítico acerca de várias problemáticas. A arte que ela trabalha fala tanto quanto suas performances. A dona do disco responsável pela explosão da artista no cenário da música independente Em Noite de Climão (2017), chega ao Recife para mais uma apresentação. Desta vez, ela se junta com outras artistas e bandas compostas só por mulheres para dar o tom, nesta sexta-feira (19), na Noite das Minas, na última semana do Festival Abril Pro Rock.
Recentemente, Letícia Novaes – nome de batismo da artista – viajou para Portugal para participar de um festival de música alternativa e também esteve presente no Lollapalooza Brasil 2019 – onde ela fez da sua performance uma verdadeira aula de política. Ela pontua que a sua arte faz pensar e questionar a realidade que, nos dias atuais, está bastante caótica e repleta de liquidez. “Quero que as pessoas percebam que a vida passa muito rápido e se a gente não viver a vida até o talo, com todas as zonas, solares ou sombrias, a gente vai ter vivido uma vida no automático, sem se questionar ou refletir. A arte tem esse poder. Eu já fui muito tocada por várias artistas com discursos e mensagens, então, acho que sigo essa linha porque eu mesma também passo por isso e agradeço”, disparou em entrevista ao Jornal do Commercio.
No Recife, Letrux já participou de alguns festivais. A primeira aparição da carioca na Capital pernambucana foi na edição de 2018 do festival Guaiamum Treloso Rural, onde, como sempre, transformou a noite em um verdadeiro espetáculo. A segunda explosão também em 2018, na primeira edição do Meca Brennand, no Museu de Cerâmica de Francisco Brennand. A mais recente aparição da performer foi no Carnaval do Recife, desta vez em uma apresentação mais íntima, na estreia do camarote Casa Tropical com curadoria do Coquetel Molotov. Para a sua quarta chegada, que promete ser ainda mais explosiva, na Noite das Minas no Abril Pro Rock, Letícia trás consigo um trabalho que vem mostrando todos os seus lados enquanto artista multitarefas e, acima de tudo, agradando os seus fãs e seguidores. “Paralelo ao Climão, tenho feito um show chamado Línguas & Poesias, que é só com piano e vibrafone, onde não canto nada autoral, só interpreto”, ressaltou.
Questionada acerca dos rumores de que seu disco Em Noite de Climão (2017) estaria chegando ao fim e que o nascimento de outro monumento estaria prestes a acontecer, a intérprete indagou que o seu “recente filho” ainda não está crescido suficientemente a ponto de deixar de fazer parte do seus shows, mas também não descartou o nascimento de um novo projeto explosivo. “Acho que o disco não chega ao fim em si, ainda vamos continuar cantando algumas músicas, sem dúvida, é só porque a vontade de brincar com novas músicas também é grande. Foi um jornada e tanto esse álbum, sou muito grata, as pessoas foram receptivas e sempre espalharam a palavra do Climão por aí”, contou.
Em entrevista, a performer declarou seu amor por Recife e disse que não vê a hora de subir no palco do festival. “As 3 vezes que fui para Pernambuco foram maravilhosas, público carinhoso, quente, animado, tocar num festival com o calibre do Abril Pro Rock é uma alegria imensa, e que bom estar mais uma vez nessa cidade que amo”, concluiu.
PODER FEMININO
Junto a Letrux, as russas da Pussy Riot, as paraibanas do Sinta A Liga Crew, as pernambucanas do Arrete e 808 Crew, Côco de Umbigada e a banda potiguar Demonia também comandam a noite que promete ser uma das mais emblemáticas do festival. Afinal, não é todo dia que se tem esse nível de fomento na arte feminina em festivais tão grandiosos quanto o Abril Pro Rock. O curador do festival pontuou que a escolha do line-up repleto de mulheres foi intencional. "Essa foi uma opção política do festival. Acreditamos que é preciso reforçar o protagonismo feminino em tempos de conservadorismo e retrocesso nos costumes", pontuou Paulo André Moraes.
