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Livro 'Eu Me Ensinei' reúne perfis de 78 artistas populares do Brasil

A obra de Edna Matosinho de Pontes traz mais de 400 páginas sobre a produção popular contemporânea

JC Online
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Publicado em 02/03/2018 às 10:18
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A obra de Edna Matosinho de Pontes traz mais de 400 páginas sobre a produção popular contemporânea - FOTO: Reprodução
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Ao entrevistar a ceramista popular Dona Izabel Mendes da Cunha, a galerista Edna Matosinho de Pontes ouviu uma frase que sintetizava a trajetória da arte popular do Brasil. “Eu me ensinei sozinha”, explicou a artista sobre o seu ofício. Daí a pesquisadora tirou o título do livro que estava realizando, Eu Me Ensinei, que reúne narrativas e trabalhos de 78 nomes da produção popular contemporânea no Brasil.

A declaração de Dona Izabel é um dos elos da obra. “Essa é uma linda e concisa definição do autodidata, que é o ponto em comum dos artistas do meu livro”, comenta a organizadora. Em 2014, a dona da Galeria Pontes começou a sua pesquisa, com viagens por 12 estados e entrevistas gravadas com mais de 100 nomes. Para o volume, com mais de 400 páginas e pesando mais de quatro quilos, ela transformou as conversas em narrativas.

“Os relatos mostram a história pessoal, a forma de produção, o tipo de inspiração dos artista e o significado da arte para eles”, aponta Edna. O livro foi lançado no Recife nesta semana e está à venda a partir de agora na loja Sobrado 7 Arte e Artesanato, que fica no RioMar Shopping. A obra ainda traz um ensaio sobre a arte popular escrito por Ricardo Gomes de Lima e um texto de apresentação assinado por Fabio Magalhães.

Segundo Edna, o livro reúne “o que existe de mais expressivo na arte popular contemporânea”. A ideia era trabalhar com artista vivos e que continuam produzindo, mas, entre o final da pesquisa e a publicação, dois entrevistados morreram: o ceramista pernambucano Manuel Eudócio e Dona Izabel.

Para a organizadora, que também assinou, junto com Cristina Nascimento, o volume Arte Popular Brasileira Volume 2, olhar o material reunido no livro pode dar uma ideia de riqueza da arte popular atual – com sua brasilidade difícil de definir. “É algo que a gente sente, é complicado explicar com palavras, mas vemos ali um retrato do Brasil através da arte. São obras que também revelam a diversidade, feitas em cerâmica, pintura e escultura em madeira”, aponta.

PERNAMBUCO

Manuel Eudócio, por sinal, está presente na capa a obra. Pernambuco é o segundo estado com mais artistas no livro, só ficando atrás de Minas Gerais. “Talvez ele seja o mais emblemático aqui de Pernambuco: foi discípulo de Vitalino e trabalhou até 2014, com trabalhos lindos”, elogia Edna. No livro, ainda está presente o filho do artista, Ademilson Rodrigues.

A obra, no entanto, também se debruça sobre vários outros criadores. Do Auto do Moura, em Caruaru, ainda estão os filhos de Zé Caboclo, Mariete, Socorro e Antonio Rodrigues, e o mestre Luiz Antônio. Jota Borges e seu filho, Jota Miguel, também são destacados por Edna. Ela ainda conversou com Zé Bezerra, Zé Alves, Mestre Cunha e Paulo Carneiro.

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