Abastecer a dispensa nos mercadinhos de bairro está mais barato para o consumidor do que se dirigir a um supermercado. É o que conta um levantamento do instituto especialista em pesquisa de mercado GFK com a participação de 400 varejistas de todas as regiões do Brasil.
Os resultados do estudo mostram que, enquanto no pequeno negócio, a cesta básica com 35 itens de alimentação, higiene e limpeza sai por R$ 233,81, nos supermercados, o preço médio é de R$ 232,49. Embora a diferença ainda seja pequena, esta é a primeira vez em cinco anos que os mercadinhos de bairro saem na frente, e o pequeno negócio pode despontar ainda mais. O segmento tem crescido durante a crise econômica e faturou 7% a mais em 2015 na comparação com o ano anterior.
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“O atual ritmo de crescimento econômico e a mudança de hábitos de consumo desenham novas tendências. A pesquisa mostra que o pequeno varejo está enfrentando as dificuldades e continua crescendo”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), José do Egito Frota Lopes Filho. Em todas as regiões do País, a inflação nos mercadinhos de bairro foi menor que nos supermercados. Especialmente no Nordeste, a diferença foi de 18,3% (grandes estabelecimentos) contra 12,2% (pequenos negócios).
Isto acontece porque o consumidor, de renda achatada, está cada vez mais exigente, e o dono dos mercadinhos de bairro tem pensado duas vezes antes de repassar seus custos. “São negócios em que o dono é muito mais próximo do cliente, e o enxugamento dos lucros faz parte da estratégia de manter um preço mais competitivo e, assim, manter uma clientela fiel enquanto durar a crise”, diz o diretor de varejo da GFK Marco Aurélio Lima.
PROMOÇÕES
Proprietária do Mercadinho do Gordo, na área central do Recife, há quase um ano e meio, a empresária Vanessa Priscila confirma estar evitando elevar os preços dos produtos, e afirma que tenta sempre oferecer promoções nos itens mais procurados. “Tento comprar na maior quantidade possível para poder baratear o preço e vender mais em conta. Não tem isso de comprar barato e vender caro. Se teve um preço bom, a gente aproveita para fazer promoção e o pessoal levar mais.”
Para oferecer preços cada vez mais baixos, a forma de abastecimento dos pequenos mercados também mudou. Um dos grandes destaques foi o crescimento do formato cash & carry, representado pelos atacarejos ou atacados, atualmente com 26% de participação no abastecimento dos mercados. “É uma forma de diminuir nosso custo com transporte, porque a distribuidora deixa na porta, mas vai cobrar mais caro”, explica Amanda Santos, proprietária do mercadinho Boa Vista.