AGRICULTURA

Produtores de queijos da França não querem ser reféns do varejo

Um dos principais lemas dos pequenos produtores é a organização. Eles fixam preços e volume produzido para evitar perda do lucro

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Publicado em 21/08/2016 às 8:07
Saulo Moreira/JC
Um dos principais lemas dos pequenos produtores é a organização. Eles fixam preços e volume produzido para evitar perda do lucro - FOTO: Saulo Moreira/JC
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Se há uma preocupação dos produtores franceses é a de nunca sofrer pressão de grandes cadeias varejistas.“Não sofremos imposição de preço. Podemos facilmente limitar nossa produção”, diz Claude Vermont-Desroche, presidente do Comitê Interprofissional do Queijo Comté. O comté é o mais consumido pelos franceses. 

A produção (e a devida Denominação de Origem Protegida) está no chamado Maciço do Jura, uma cordilheira na fronteira entre França e Suíça que contempla a região de Franche-Comté. São 2.600 e 150 queijarias de pequenos e médios produtores que cumprem padrões rigorosos em todo o processo. Desde o pasto onde ficam as vacas da raça montbeliard até às prateleiras dos supermercados. Os franceses controlam a produção para evitar a queda da qualidade. E do preço, claro. 

Mas isso não seria bom para o consumidor, pergunto a Claude: “Quando o preço abaixa, os grandes varejistas que ganham. Eles ficam com a diferença e não repassam ao consumidor”, diz, enfático. 

MOSTARDA

A organização política também é comum aos produtores da famosa mostarda Dijon. Com uma área plantada de 5 mil hectares, a Borgonha é reponsável por 95% da produção que abastece a França. “Em toda geladeira francesa tem um pote de mostarda”, garante Philippe Gransagne, pequeno produtor da região de Dijon. “As indústrias fazem os pedidos e nós produzimos. Sem excedentes. Sabemos o preço e o volume a ser feito”, explica. 

Nesta região onde a pequena agricultura é tão difundida, qual o papel do grande produtor? O mesmo desenvolvido em qualquer país: produzir e lucrar. A diferença é que aqui há uma entidade como a Vitagora, que tem cerca de 300 membros, entre eles gigantes como Danone, Cargill e Mondelez. O objetivo deste polo de competitividade agroalimentar é estimular a chamada alimentação sustentável. Através de pesquisa e desenvolvimento, a Vitagora busca aliar negócios, saúde, alimentação e, claro, sabor. Eis o segredo do sucesso.

O jornalista viajou a convite do Ministério da Agricultura da França

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