MEDICAMENTOS

Farmácias registram crescimento menor do volume de vendas

Para voltar a ter crescimento acima dos dois dígitos, as grandes redes têm apostado na tecnologia e na transformação das lojas físicas em espécies de consultórios

Da editoria de economia
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Publicado em 26/09/2018 às 7:00
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Para voltar a ter crescimento acima dos dois dígitos, as grandes redes têm apostado na tecnologia e na transformação das lojas físicas em espécies de consultórios - FOTO: Foto: Agência Brasil
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Mesmo que as grandes redes de farmácias e drogarias continuem a expandir sua presença em todo o País, o consumidor não tem seguido o mesmo ritmo. Reflexo da crise econômica, acentuado pela maior concorrência entre as lojas e o aumento da venda de medicamentos genéricos (até 60% mais baratos), o faturamento das farmácias começou a desacelerar. O resultado tem feito os empresários ligarem o alerta e buscarem ampliar a cartela de serviços oferecidos aos clientes.

Segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), enquanto em 2012 as grandes farmácias aumentaram seu faturamento em 12,81%, ano após ano esse crescimento tem se arrefecido, passando para 11% em 2015 e 2016, e chegando a 8,96% em 2017. Para 2018, com crescimento de 7,5% das vendas no primeiro semestre, a expectativa da associação é começar a retomar o caminho de melhores resultados, com previsão de aumento do volume de vendas superior aos 10%.

“Acreditamos ultrapassar o crescimento de 10% de vendas em 2018. A aposta é na boa gestão de estoques, para evitar ruptura (falta de produtos nas prateleiras) e capturar as vendas de farmácias menores em função da melhor eficiência, bem como novas vendas advindas do lançamento de produtos”, diz o presidente executivo da Abrafarma, Sérgio Mena. Embora representem 9,2% do total de 76 mil farmácias no país, as 24 redes associadas à entidade concentram mais de 45% do faturamento do setor e movimentaram R$ 22,7 bilhões no primeiro semestre de 2018.

Para voltar a ter crescimento acima dos dois dígitos, as grandes redes têm apostado na tecnologia e na transformação das lojas físicas em espécies de consultórios. A RD, maior rede de drogarias do Brasil e da América Latina, formada por Droga Raia e Drogasil, lançou neste ano o “Compre e Retire”, ferramenta que permite ao cliente a compra de medicamentos via site, aplicativo ou televendas e retirada do produto na loja. “Já estamos com o serviço disponível em 100% das nossas mais de 1,7 mil lojas em todo o País, o que nos diferencia do mercado”, afirma o diretor de vendas e multicanalidade da Raia Drogasil, Diego Kilian. Segundo ele, o objetivo do programa é otimizar a multicanalidade ao consumidor, facilitando e, consequentemente, aumentando o volume de compras dele.

“Sem dúvida nenhuma a gente também espera que isso contribua para o crescimento da companhia, aumento de vendas e de receita”, reforça Killan. Atualmente, a Drogasil tem 31 lojas no Recife e espera abrir outras nove unidades até o fim do ano, gerando 120 vagas de emprego.

A Rede Pague Menos, que conta com 1,1 mil pontos de vendas no País, lançou os serviços de assistência farmacêutica SAC Farma e Clinic Farma. Ambos permitem aos clientes acesso à orientação primária, com o acompanhamento de algumas doenças e esclarecimento de dúvidas sobre medicamentos. No primeiro semestre, a Clinic Farma foi responsável por 3 milhões de serviços para mais de 500 mil clientes. Até o fim do ano, 104 lojas da rede contarão com o serviço em Pernambuco.

PEQUENAS

Se as grandes redes sentem o impacto da crise, as farmácias de bairro sofrem ainda mais com a estagnação econômica. De acordo com o presidente do Sincofarma, Ozeas Gomes, 20% do total das pequenas farmácias do Estado devem fechar as portas em 2018 em função do custo elevado para manutenção e da diminuição do volume de vendas.

“Todo mundo está no mesmo barco, mas as pequenas são mais sacrificadas. O grande problema é que temos basicamente o mesmo público para um número maior de estabelecimentos, sobretudo das grandes redes”, afirma Gomes. Em todo o Estado há 3,1 mil estabelecimentos de pequeno e grande porte.

À frente de duas farmácias em Jardim Atlântico, Olinda, Carla Mendes, 43 anos, teve que fazer cortes na equipe este ano e, na tentativa de reaquecer o negócio, investiu R$ 20 mil em reformas. “Nas duas lojas, tinha 12 funcionários. Na menor, mandei três pessoas embora”, conta Carla, que ainda precisa arcar com o custo obrigatório de farmacêuticos. Para ela, a concorrência com as grandes é desleal. “Elas compram como distribuidoras e nós compramos medicamentos das distribuidoras. Meu estabelecimento teve queda de 35% do número de clientes”, diz.

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