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Pernambuco adere à febre das paleterias mexicanas

Empresas investem no mercado dos superpicolés apostando no clima e no aumento da renda

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 18/10/2014 às 8:00
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Empresas investem no mercado dos superpicolés apostando no clima e no aumento da renda - FOTO: Heudes Regis/JC Imagem
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Pernambuco aderiu ao negócio das paleterias mexicanas. Os superpicolés artesanais – tradicionais no México – viraram uma febre no Brasil e encontraram demanda certa no Nordeste com dois ingredientes importantes: as altas temperaturas e o ganho de renda da população. Lojas e quiosques se multiplicam na região. Só no Estado são dez quiosques da baiana Helado Monterrey e uma fábrica artesanal (com loja) da pernambucana Degusta. O desafio dos empreendedores é apostar na sustentabilidade dos negócios para evitar uma “bolha das paleterias”, com o desaparecimento de lojas na mesma velocidade com que abriram, a exemplo do que aconteceu com o frozen yogurt.

“Daqui há alguns anos continuarei no mercado, porque esse é o negócio da minha vida. O desafio é saber quem estará concorrendo comigo”, diz o empresário baiano Pablo Rocha, 32 anos. O empreendedor criou no Brasil a marca Helado Monterrey, com fábrica no município de Lauro de Freitas, na Grande Salvador. Inaugurada há pouco mais de um ano, a paleteria já conta com 50 lojas próprias e 30 franqueados nos Estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. Os planos de expansão miram Espírito Santo e Mato Grosso, mas o avanço, a partir de agora, virá das franquias. No mercado pernambucano são dez pontos de vendas (quatro próprios e seis franquias), em shoppings e aeroporto. O investimento em uma franquia da marca é de R$ 180 mil e o retorno do investimento acontece de seis a 24 meses.

O empresário fez investimento inicial de R$ 1 milhão no negócio, que emprega 380 pessoas e produz 100 mil paletas por dia, com um leque de 17 sabores. “Nosso diferencial é respeitar o conceito da paleta, que é um picolé artesanal, com o dobro de tamanho de um tradicional e produzido com frutas in natura e sem uso de corantes e aromatizantes”, explica Rocha. A Monterrey compra matéria-prima importada e nacional. O damasco, por exemplo, vem da Turquia e as nozes, do Chile. O preço da paleta varia de R$ 6 a R$ 8. “Nosso brigadeiro é feito na panela, como o consumidor faz em casa. A diferença é que usamos 30 quilos de leite condensado ao invés de uma lata”, compara. A projeção da Helado Monterrey é fechar 2014 com faturamento de R$ 30 milhões e dobrar esse valor em 2015.

A Degusta, primeira paleteria mexicana com produção local, ainda vai completar um mês de funcionamento e já comemora recordes de produção e vendas. A previsão era fabricar até 10 mil unidades no primeiro mês, mas o número já vai em 20 mil paletas. A loja, comandada pelo grupo MMB (integrado pelo casal Márcio Bordignon e Luana Tauffer, junto com as sócias Erica Maia e Rafaela Dall’Orto), inaugurou no início de outubro no Pina, com uma fábrica artesanal no mesmo prédio. O investimento inicial foi de R$ 300 mil.

Márcio e Luana fizeram uma incursão no México para conhecer as paleterias. “Decidimos contratar o cheff pâtissier italiano Vicenzo Corrado, com 17 anos de experiência em gelaterias, para desenvolver as receitas. Hoje são 100, das quais 29 estão sendo praticadas. Nossa ideia é trazer um lançamento por mês”, adianta Márcio, dizendo que as paletas custam entre R$ 6 e R$ 9, dependendo da categoria (frutas, recheadas, cremosas e especiais). O empresário catarinense conta que no México existem sabores regionais e exóticos, a exemplo das paletas apimentadas e de palma. A empresa tem parcerias com a Nestlé, São Braz e Cachaçaria Carvalheira no fornecimento de matéria-prima.

A Degusta projeta faturamento de R$ 1,5 milhão no primeiro ano de operação e faz planos de lançar sistema de franquia. “Já fomos procurados por investidores interessados”, conclui.

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