CORRUPÇÃO

Especialista defende punição às empresas que cresceram com a corrupção

Especialista defende que haja um tipo de punição para empresas que aumentaram o seu patrimônio com a corrupção. Hoje, não há nada na lei sobre isso.

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 24/05/2017 às 12:30
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O professor de Finanças do Ibmec em Brasília e sócio-diretor da consultoria Valorum, Marcos Melo, diz que está na hora de começar a pensar numa punição sobre o crescimento do patrimônio das empresas que ocorreu em função do crime de corrupção. “Talvez, esses grupos tenham crescido a partir do crime. O aumento do patrimônio dessas empresas continua beneficiando os donos desses empreendimentos”, diz, se referindo aos Grupos JBS e Odebrecht, envolvidos em caso de corrupção revelados pela Operação Lava Jato, que revelou um esquema de propina bilionário envolvendo empresários, políticos e ex-diretores da Petrobras. Segundo Marcos, hoje a legislação não permite que seja devolvido uma parte do aumento do patrimônio das empresas que ocorreu em função do crime.

Tanto o Grupo Odebrecht como o JBS estão entre os maiores grupos empresariais do País. Provavelmente, você, leitor, não passa um dia sem consumir um produto ou serviço prestado por essas duas instituições. Em Pernambuco, a Odebrecht construiu a BR-232, fez a Arena de Pernambuco, implantou o projeto imobiliário Reserva do Paiva, além da Parceria Público-Privada do Saneamento, operação que foi vendida por causa da crise. Já o JBS é dono de mais de 30 marcas presentes nos mercadinhos de bairro até as grandes redes de supermercados, indo desde a carne ao iogurte, passando pela margarina (Doriana), sandálias de borracha (Havaianas) e laticínios como Vigor e Itambé.

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Os dois grupos cresceram muito na gestão do PT, Lula-Dilma Rousseff. Com 72 anos de existência, o Grupo Odebrecht triplicou o seu patrimônio líquido entre 2003 e 2014, saindo de R$ 3,01 bilhões em 2003 para R$ 9,14 bilhões em 2014, segundo dados do portal da Câmara Brasileira da Indústria da Construção com valores correntes a fevereiro de 2015.

O Grupo JBS também cresceu muito no governo do PT com empréstimos realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que pertence à União. Das ações que dão direito ao voto do conglomerado, 20,36% são do BNDES Par – uma subsidiária do BNDES – e até a Caixa Econômica Federal (CEF) detém 5,05% desses papeis.

BOICOTE

Nos grupos de redes sociais, ontem, circularam vídeos pedindo para os consumidores boicotarem os produtos da JBS. Marcos argumenta que se as pessoas fizerem isso vão prejudicar as 237 mil pessoas que trabalham lá e não são corruptas. Ele afirma que os responsáveis pela corrupção nessas empresas devem ser julgados e punidos. “A JBS teve uma queda do valor na bolsa, mas o valor da empresa vai voltar em algum momento, porque a sua operação não foi afetada”, conta. “Já no Grupo Odebrecht uma das suas principais fontes de receita é o governo e deve ficar mais difícil novos contratos com o histórico de corrupção”, diz.
A assessoria de imprensa da Odebrecht diz que reconheceu os seus erros, pedindo desculpas públicas, além de assinar um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, se comprometendo a combater e não tolerar a corrupção”.

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