DECLARAÇÃO

Grande empresário de Pernambuco diz que está com nojo do Brasil

Ele argumenta que atentados como o de Manchester ocorrem no Brasil todos os dias

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Publicado em 24/05/2017 às 10:58
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Ele argumenta que atentados como o de Manchester ocorrem no Brasil “todos os dias” - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Um dos mais importantes empresários de Pernambuco, Jorge Cavalcanti de Petribú, se sente “enojado” e “traído” pelo grau de corrupção do Brasil. “A ética virou supérflua, quando é essencial. As pessoas não podem mais se omitirem com relação ao que está ocorrendo no País. Precisamos mostrar a cara e dizer que não concordamos com esse tipo de coisa que está ocorrendo a nossa volta. Como empresários, temos que nos juntar para salvar o Brasil”, desabafa.

Ele estava se referindo à crise institucional política alimentada pelas delações premiadas da Operação Lava Jato, incluindo a do ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e, por último, a do sócio do Grupo JBS, Joesley Batista, que entregou a Procuradoria Geral da União (PGR) áudio gravado de conversa sua com o presidente da República, Michel Temer, no qual teria autorizado Joesley a comprar o silêncio do ex-deputado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

A Lava Jato revelou um esquema de propina bilionário envolvendo executivos de empresas, diretores da Petrobras e políticos de vários partidos.  Para o empresário, a gota da água foi a atuação da JBS “que tripudiou da população brasileira”. “Não imaginava que a corrupção tivesse tentáculos tão grandes, espalhados por todos os lugares. Achava que era pontual. Dói na alma ver ser roubado quem começa a trabalhar pela manhã e vai até as 18 horas para ganhar pouco mais de um salário mínimo”. Ele defende que talvez seja necessário uma pena mais dura para os envolvidos com a corrupção no Brasil. E complementa: “Será que os governantes não têm o mínimo de sensibilidade com a real causa pública? Será que não terá fim a legislação em causa própria? Será que são surdos? Será que são estéreis e não terão descendentes?”, disse se referindo aos políticos corruptos.

Ele argumenta que atentados como o de Manchester ocorrem no Brasil “todos os dias”. O atento referido aconteceu na última segunda-feira e deixou pelo menos 22 pessoas mortas e 59 feridas, no noroeste da Inglaterra. “Aqui, as pessoas morrem nos hospitais públicos por falta de um atendimento adequado, pelas más condições das estradas, por falta de segurança. Tudo isso em função da ganância do roubo por causa de maus funcionários públicos”.

“Quem mais sofre é a pobreza, que não tem um transporte de qualidade, uma escola de qualidade, nem um serviço de saúde decente. Com a crise, quase um milhão de pessoas deixaram de ter planos de saúde. Que tratamento o SUS vai dar a essas pessoas?”, questiona. Ele chama os corruptos de “assaltantes da esperança nacional que confiscam (os direitos) do verdadeiro trabalhador brasileiro”.

Petribú acredita que o País só vai se desenvolver se forem dadas oportunidades iguais a todos, o que só ocorrerá com a melhoria da educação. “Mas como vamos oferecer um serviço de educação bom se há desvio dos recursos?”. O empresário diz que é necessário elevar o nível educacional dos eleitores, “tirando-os da escuridão do imediatismo e levando-os a enxergar que os essenciais serviços básicos a que todos têm direito são trocados por esmolas sazonais”.

Usina 

Em Pernambuco, Petribú é sinônimo de marca de açúcar. Jorge é de uma família que fabrica o produto desde 1729 no engenho que deu origem a usina. Dos dois sobrenomes que o empresário assina, Petribú é de origem indígena e uma referência ao local onde a empresa se instalou, no município de Lagoa de Itaenga, Mata Norte do Estado.

A Usina Petribú emprega cerca de 4 mil pessoas na moagem. Na entressafra, são cerca de 3 mil pessoas. É um dos primeiros empresários que começou a modernizar a gestão da empresa ainda no início da década de 1990, quando informatizou vários setores da empresa. Convive com estiagens e dificuldades do setor. A empresa dele é uma das mais bem administradas do setor no Estado.

Também diversificou as atividades da usina, implantando uma térmica que produz energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar para ter mais uma fonte de receita.
– E por que o Sr decidiu criticar a corrupção ?
– “Foi o meu basta. Tinha que dar uma satisfação aos meus funcionários. A gente mantém um negócio a muito custo, pede sacrifícios aos funcionários, faz sacrifícios. E vê uma orgia dessa com uma corrupção na casa dos bilhões. É decepcionante”, conclui.

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