Negócio da moda

Moda é o segundo setor que mais polui no mundo

Em seu ciclo de vida uma calça jeans consome 5.196 litros de água

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 17/06/2019 às 15:58
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
Em seu ciclo de vida uma calça jeans consome 5.196 litros de água - FOTO: Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Peça indispensável em qualquer guarda-roupa, a calça jeans consome 5.196 litros de água durante seu ciclo de vida no Brasil. Esse número leva em conta desde a produção do algodão, a fabricação e o transporte até as lavagens feitas pelo consumidor final. Além do alto dispêndio de água, o prosaico jeans também libera fibras que vão parar no meio ambiente. Surgido na França e popularizado nos Estados Unidos a partir de 1792, o denim é apenas um fragmento da poluidora indústria da moda. Estudos internacionais apontam o setor como o segundo mais poluidor do mundo, atrás apenas do petróleo.

Dados da ONU Meio Ambiente mostram que, juntas, as atividades de vestuário e calçados são responsáveis por 8% das emissões globais de gases-estufa. A moda também aparece como a segunda maior consumidora mundial de água e como importante poluidora das águas do planeta, com a liberação de 500 mil toneladas de microfibras sintéticas nos oceanos. O modelo “insustentável” se agrava com o crescimento do consumo e o avanço demográfico. Hoje as pessoas consomem, em média, 60% mais peças do que há 15 anos. Além disso, o chamado fast fashion (conceito que prevê a produção, o consumo e o descarte rápidos) faz com que impressionantes US$ 500 bilhões em roupas vá parar em lixões e aterros todos os anos.

 INICIATIVAS

 “Por todos esses impactos que o setor já causou não é mais possível pensar na moda desassociada da sustentabilidade. A agenda de discussões se abriu e não vai mais fechar. Não dá pra fazer depois, porque o futuro é agora”, alerta a especialista em sustentabilidade na moda e fundadora do Movimento Ecoera, Chiara Gadaleta. Junto com a Vicunha, a Ecoera apresentou este ano o resultado do projeto “Pegada Hídrica Vicunha”, que revelou um consumo médio de 5.196 litros de água por calça jeans no Brasil. Com mais de 50 anos de mercado, a Vicunha é líder mundial na produção de índigos e brins.

“Precisamos olhar para os inconvenientes que o setor da moda provocou e buscar soluções, mas não na base do achismo. Utilizamos a metodologia científica global da Water Footprint Network para levantar o consumo de água do jeans, de acordo com as especificidades do Brasil”, observa Chiara Gadaleta.

Depois da pegada hídrica junto com a Vicunha, o Movimento Ecoera também idealizou a plataforma “A Moda pela Água”, uma plataforma onde as empresas, consumidores e ONGs compartilham suas ações  sobre o consumo consciente de água. Até agora, gigantes como Marisa, Grupo Lunelli, Vicunha Têxtil, Farm, Damyller e Abrapa já fazem parte da iniciativa.

A plataforma será um ponto de encontro de todos os players do mercado da moda para buscar soluções para o desperdício de água. As empresas signatárias farão parte desse hub de marcas comprometidas com o uso consciente da água em toda a sua cadeia de valor. O objetivo é fomentar a discussão sobre a temática e disponibilizar um ambiente neutro no qual as empresas e consumidores finais forneçam e compartilhem informações sobre suas práticas para colaborar com a redução do consumo de água, afastado da esfera institucional ou comercial.

A missão do projeto é criar um espaço de interação entre o público, de forma que todos se tornem Guardiões da Água. As empresas Guardiãs farão parte de um Grupo de Trabalho (GT) com encontros presenciais, palestras com especialistas e rodas de conversas. “O consumo da água e a gestão responsável do recurso hídrico é um problema comum na indústria da moda, portanto as soluções podem e devem ser encontradas de forma conjunta” afirma Chiara. Os resultados de um ano de trocas e pesquisas serão apresentados no dia 20 março de 2020 no Dia Mundial da Água, quando acontecerá o primeiro Summit em torno do tema para o mercado de moda.

As novidades sobre a Moda pela Água podem ser acompanhadas no www.amodapelaagua.com.br e @amodapelaagua 

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