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'Expliquei que nem todos os brasileiros são assim', diz russa que mora no Brasil

Olga Aliokhina Alves contou que os próprios anfitriões da Copa do Mundo se chocaram com o comportamento dos brasileiros

JC Online
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Publicado em 20/06/2018 às 10:18
Foto: Reprodução/Instagram
Olga Aliokhina Alves contou que os próprios anfitriões da Copa do Mundo se chocaram com o comportamento dos brasileiros - FOTO: Foto: Reprodução/Instagram
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A internet ainda vive momentos de indignação por causa do vídeo gravado no último fim de semana, quando quatro brasileiros cercam uma mulher na Rússia e induzem ela a repetir palavrões e expressões machistas em português. Para comentar sobre o assunto, a Rádio Jornal entrevistou nesta quarta-feira (20) a guia turística Olga Aliokhina Alves, que nasceu em Krasnodar, a 1.344,9 quilômetros de Moscou. Na Rússia, ela trabalhou como guia turística falando em português e mora no Brasil desde 2015, quando se casou com o brasileiro Maicon Alves. Com relação a situação constrangedora apresentada no vídeo, ela contou que os próprios anfitriões da Copa do Mundo se chocaram com o comportamento dos brasileiros. "Meus amigos russos comentaram comigo e ficaram chocados com isso. Eu expliquei que nem todos os brasileiros são assim", contou.

Ainda segundo Olga, o comportamento não foi adequado para a situação. "Você está na Rússia, em um país diferente como diz um ditado russo, quando você está fora de sua casa faça o que todo mundo faz. Eu acho que eles não deveriam fazer assim", lamentou. "Ele fez ainda mais uma coisa errada, que é compartilhar esse vídeo pelas redes sociais", acrescentou a russa.

Quando questionada sobre o perfil do brasileiro sobre o russo, ela afirmou que um deles é mais solto. "O brasileiro ele é mais solto, mais brincalhão que o russo. "A moça não estava falando em português, ela estava repetindo o que eles estavam falando, ela não sabia o que estavam falando e foi exposta", contou.

Confira a entrevista na integra: 

 

 

A repercussão do vídeo

A decepção do Brasil na Rússia neste início de mundial poderia ter ficado restrita ao empate contra a Suíça, mas a atitude de um grupo de torcedores canarinhos na sede da Copa do Mundo gerou polêmica, revolta e envergonhou muitos brasileiros. Em diferentes vídeos que circulam pelas redes sociais, pelo menos quatro torcedores com a camisa verde e amarela aparecem ao lado de uma estrangeira cantando palavras obscenas sem que a moça os compreenda. Entre o grupo de torcedores estão o advogado pernambucano Diego Valença Jatobá, ex-secretário de Turismo de Ipojuca, e o tenente da PM Eduardo Nunes.

Sem se identificar, um homem que aparece nas imagens afirmou à Folha de S. Paulo ter se arrependido de participar do vídeo. “Entrei de gaiato na história. Foi uma brincadeira de muito mau gosto. Lamento ter aparecido nisso, mas brasileiro, quando vê uma câmera, quer se meter na frente”.

A OAB de Pernambuco e a PM de Santa Catarina já emitiram notas de repúdio sobre o caso (a organização dos advogados levará o caso ao conselho de ética). Além das instituições, muitas pessoas mostraram-se indignadas com a atitude dos brasileiros, entre elas diversas artistas, que falaram sobre machismo, assédio e racismo.

Novo caso de assédio

Depois de circular um vídeo na internet com um grupo de torcedores brasileiros assediando uma mulher na Rússia, durante a Copa do Mundo, outro foi publicado com conteúdo similar. Neste segundo, ao menos três brasileiros ensinam três mulheres estrangeiras a falar: "Eu quero dar a b*** para vocês". Ao termino da frase, eles comemoram: "É a Rússia, c***!". O grupo ainda não foi identificado. 

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