América Latina

Papa tenta amenizar tensão política antes de missa que reúne 900 mil no Equador

Presidente Rafael Correa estará presente no encontro do pontífice com os fiéis

Da AFP
Cadastrado por
Da AFP
Publicado em 07/07/2015 às 14:15
Foto: RODRIGO BUENDIA / AFP
Presidente Rafael Correa estará presente no encontro do pontífice com os fiéis - FOTO: Foto: RODRIGO BUENDIA / AFP
Leitura:

O papa Francisco tentou amenizar a tensão no Equador, em função dos protestos antes da missa campal que realizará nesta terça-feira (7) em Quito, e na qual estará presente o presidente Rafael Correa, alvos das manifestações que exigem sua saída do poder.

O Papa pediu o fim das diferenças antes do encontro com os fiéis no Parque Bicentenário, onde oficiará a última liturgia antes de partir para a Bolívia na quarta-feira.

Segundo o governo, cerca de 900 mil fiéis estão reunidos para acompanhar a missa campal.

"Vou dar a benção para este grande e nobre povo equatoriano; para que não haja diferenças (...), que não haja gente que se descarte. Que todos sejam irmãos, que se incluam todos e que não haja ninguém excluído desta grande nação", disse o Papa segunda-feira à noite em visita à catedral metropolitana.

"Mais de cem mil pessoas passaram a noite no Bicentenário", informou Correa nesta terça-feira em sua conta no Twitter.

O presidente acrescentou que, "neste momento, a afluência de público é impressionante. Tudo pronto para a missa de Francisco em Quito! Milhares também vieram da Colômbia e Peru. Bem-vindos!".

Na segunda-feira, o papa reuniu cerca de 800.000 fiéis em Guayaquil (sudoeste), sob um sol implacável, e enviou-lhes uma mensagem centrada na família, nos desafios que enfrenta, e apresentadou uma igreja disposta a ajudar, em vez de culpar.

Em seu retorno Quito, o Papa se reuniu durante meia hora com o presidente Rafael Correa, mas o conteúdo do encontro não foi divulgado.

 

Coração aberto

O líder religioso convidou no domingo Correa a incentivar "o diálogo e a participação sem exclusões" após um mês de protestos contra e a favor do governo de esquerda.

O pontífice lembrou que no Evangelho é possível encontrar "as chaves" para "enfrentar os desafios atuais, valorizando as diferenças, fomentando o diálogo e a participação sem exclusões", disse.

"Isso é o que nós precisamos: mais diálogo, mais compreensão, que não haja confronto. O Papa reuniu-se com Correa, que tem que abrir seu coração para promover mais entendimento, para ouvir a voz do povo", disse à AFP Francisco Estrada, de 45 anos, que aguardava a missa no Bicentenário.

O Papa retorna à América do Sul depois de visitar o Brasil em 2013, para um giro de oito dias que termina no domingo, no Paraguai.

O presidente equatoriano, um confesso admirador de Francisco e que se descreve como um "católico humanista de esquerda", enfrenta há alguns meses protestos frequentes que exigem sua saída do poder pela rejeição à políticas de corte socialista que, segundo o governo, pretendem redistribuir a riqueza através da cobrança de impostos aos mais ricos.

O partido do governo também se mobilizou para neutralizar uma alegada tentativa de golpe denunciada por Correa, no cargo desde 2007.

Os protestos deixaram 15 policiais feridos e 37 detidos, segundo as autoridades.

Apesar de nos últimos quatro dias não ter ocorrido novos protestos da oposição, os fiéis gritaram ao Papa: "Correa Fora, fora!".

Últimas notícias