Conflito

Forças de elite iraquianas avançam nas ruas de Mossul

Confrontados a uma dura resistência do EI em Mossul, forças iraquianas decidiram consolidar suas posições na periferia antes de continuar progressão pela cidade

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Publicado em 11/11/2016 às 19:58
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Confrontados a uma dura resistência do EI em Mossul, forças iraquianas decidiram consolidar suas posições na periferia antes de continuar progressão pela cidade - FOTO: FOTO: ODD ANDERSEN / AFP
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As forças de elite iraquianas relançaram nesta sexta-feira (11) a ofensiva na cidade de Mossul, o último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque, onde, segundo informes da ONU, os radicais executaram dezenas de pessoas acusadas de traição.

Enquanto isso, na Síria, forças apoiadas pelos Estados Unidos continuavam a avançar para Raqa, outra grande fortaleza dos extremistas, após o fim de uma tempestade de areia.

Confrontados a uma dura resistência do EI em Mossul, as unidades iraquianas de contra-terrorismo (CTS) decidiram consolidar as suas posições na periferia antes de continuar sua progressão.

"Nossas forças lançaram um ataque contra Arbajiyah. Os confrontos estão em curso", declarou um comandante das CTS, Mountadhar Salem, referindo-se a uma área no leste da segunda maior cidade do Iraque.

Estas batalhas ocorrem "após alguns dias de calma".

De acordo com outro comandante das forças de elite, Ali Hussein Fadhel, os combatentes se aproximam de Karkoukli, outro distrito no leste de Mossul, "mas o ataque completo ainda não foi lançado", disse ele.

Em um posto de comando improvisado em uma casa de dois andares, um soldado das CTS utiliza um tablet para controlar um drone de reconhecimento para monitorar potenciais homens-bomba.

O tablet mostrava um mapa com casas recuperadas. Obuses de morteiro caíam regularmente nos arredores do edifício, onde as tropas aguardavam para voltar a avançar.

Durante a semana, o EI executou pelo menos 60 civis na cidade iraquiana de Mossul e arredores, acusando 40 deles de traição e outros 20 de passar informações ao exército iraquiano, informou a ONU.

Estes assassinatos foram registrados em diferentes momentos e lugares de Mossul.

As vítimas, cujos corpos foram pendurados em postes da cidade, estavam vestidas de laranja, com inscrições em vermelho onde era possível ler: "Traidores e agentes das ISF" (acrônimo em inglês das forças iraquianas), 

Além dos ataques suicidas, carros-bomba e muitos explosivos espalhados em casas e edifícios, o EI estabeleceu uma vasta rede de túneis subterrâneos, e também utiliza civis como escudos humanos.

As crianças também são vítimas dos combates em Mossul. A organização Save the Children informou que uma dúzia delas são tratadas diariamente de ferimentos graves pelos médicos na região.

"Elas chegam com ferimentos a bala, estilhaços e queimaduras", disse um médico, citado em um comunicado da ONG.

Segundo estimativas dos Estados Unidos, entre três e cinco mil extremistas estariam entrincheirados em Mossul. Seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, pediu-lhes que lutassem até o fim.

Desde o lançamento, em 17 de outubro, de uma grande ofensiva das forças iraquianas apoiadas por uma coalizão internacional para retomar Mossul, apenas as forças de elite iraquianas conseguiram penetrar nesta cidade no norte do Iraque atravessada pelo rio Tigre.

Ao norte e a leste de Mossul, os combatentes curdos, os peshmergas, tomaram várias cidades, incluindo Bachiqa e Bartalla, que era a maior localidade cristã do Iraque, fechando o cerco ao EI. Mas os curdos não devem entrar em Mossul, segundo leva a crer as declarações do primeiro-ministro iraquiano Haider al Abadi.

Ao sul, o exército iraquiano também avançou e se aproximava da cidade antiga de Nimrod, a 30 km de Mossul.

No front oeste, uma coalizão de milícias, em sua maior parte xiitas, também combate o EI, principalmente para cortar o eixo de abastecimento dos extremistas com Raqa, sua "capital" na Síria.

EI pressionado na Síria

O EI também está sob pressão nesta grande cidade síria sobre o Eufrates. Desde 5 de novembro, uma força árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos e a coalizão internacional lançou uma ofensiva para isolar Raqa.

Nesta sexta-feira, aeronaves da coalizão bombardearam implacavelmente posições do EI ao norte de Raqa, constatou um correspondente da AFP. A ofensiva havia sido interrompida na véspera devido à forte tempestade de areia.

"Conseguimos assumir o controle de duas novas aldeias, mas não avançamos como queríamos por causa da tempestade de areia", disse à AFP Merkhas Kamishlo, um dos comandantes das Forças Democráticas da Síria (SDS) que conduzem a ofensiva.

Segundo ele, o vilarejo de Al-Hicha, localizado quarenta quilômetros a norte de Raqa, está agora "completamente cercado" e bombardeado pela força aérea da coalizão.

"Se tomarmos o controle da Al-Hicha, nossas forças vindas de Ain Issa e Suluk vão se juntar a nós nesta área", disse ele.

Tanto as autoridades americanas quanto as forças que combatem no terreno coincidem em estimar que as batalhas para retomar Raqa e Mossul do EI podem durar semanas, até mesmo meses.

Enquanto isso, o conselho executivo da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) acusou nesta sexta-feira o grupo extremista de ter usado substâncias proibidas em agosto de 2015 no norte da Síria.

A organização também acusou pela primeira vez o regime do presidente Bashar al Assad de ter recuperado este tipo de armamento em 2014 e 2015.

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