Crimes contra a imprensa

40 anos após assassinato de Herzog, jornalistas ainda são perseguidos

Federação Nacional dos Jornalistas produz relatórios sobre atos de violência contra a categoria

Mariana Mesquita
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Mariana Mesquita
Publicado em 25/10/2015 às 0:08
Foto: Fenaj/Divulgação
Federação Nacional dos Jornalistas produz relatórios sobre atos de violência contra a categoria - FOTO: Foto: Fenaj/Divulgação
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Vladimir Herzog não foi o único jornalista brasileiro morto pela ditadura militar. Outros 21 foram assassinados e vários até hoje constam como desaparecidos. Ao contrário de Vlado, a maioria trabalhava em jornais partidários clandestinos. Durante a ditadura, centenas de profissionais da imprensa foram perseguidos e impedidos de se expressar. Muitos foram torturados e presos, como os pernambucanos Carlos Garcia e Marcelo Mário de Melo. 

“Foram oito anos, 43 dias e 19 horas”, relembra Marcelo, preso entre 1971 e 1979. “Quando houve o assassinato de Herzog, eu estava detido no quartel de Cavalaria, no Bongi, fazendo greve de fome”, conta. Para Marcelo, os elementos de veracidade no assassinato de Vladimir Herzog foram tão “tocantes, explícitos e brutais” que não foi possível manipular a opinião pública.

Segundo o diretor de relações institucionais da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), José Carlos Torves, até hoje Herzog é um dos maiores símbolos da categoria. “É o mártir dos jornalistas brasileiros, sempre lembrado na luta pela liberdade de imprensa e contra a opressão”, afirma.

E se nas últimas décadas houve avanços na questão dos direitos humanos, a Fenaj ainda se preocupa com os altos índices de jornalistas brasileiros perseguidos e mortos no exercício de sua profissão.“Em 2014, foram seis. Em 2015, já houve quatro mortes”, contabiliza. “O jornalista é o elo mais fraco da cadeia e a violência que o atinge, em 90% dos casos, é cometida por autoridades que exercem funções públicas, como prefeitos, delegados, juízes”, denuncia. 

Para combater o problema, a Fenaj produz anualmente um relatório sobre esses atos de violência e está tentando aprovar um projeto de lei na Câmara dos Deputados, federalizando a apuração dos crimes cometidos contra os profissionais da imprensa não apurados num prazo de 30 dias.

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