Sulanca

Transferência da Feira da Sulanca de Caruaru deve ser votada na próxima semana

Câmara Municipal terá até quinta para fornecer parecer jurídico e definir se fará audiência pública para discutir o tema, que causa polêmica na cidade

Mariana Mesquita
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Mariana Mesquita
Publicado em 11/07/2015 às 0:08
Foto: Wenyson Aubiérgio/Acervo JC Imagem
Câmara Municipal terá até quinta para fornecer parecer jurídico e definir se fará audiência pública para discutir o tema, que causa polêmica na cidade - FOTO: Foto: Wenyson Aubiérgio/Acervo JC Imagem
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A Câmara de Vereadores de Caruaru adiou para a quinta-feira (16/07) a votação do projeto de lei de transferência da Feira da Sulanca e das oito emendas propostas durante esta semana. Havia a possibilidade de ser feita uma reunião extraordinária para isso, na noite de ontem (10), mas o departamento jurídico da Casa pediu que o prazo para conceder seu parecer fosse ampliado.

A proposta da prefeitura, encaminhada à Câmara para apreciação, vem gerando polêmica na cidade. O projeto que irá ser votado é a terceira versão desde que a confusão começou. O prefeito José Queiroz (PDT) quer que a feira seja transferida do centro para um terreno às margens da BR-104, próximo ao local onde já funciona o chamado Pólo de Confecções, desafogando o trânsito e propiciando melhorias na infraestrutura (atualmente, os frequentadores da feira não têm acesso a banheiro, estacionamento ou caixa eletrônico, entre outros problemas). Mas os sulanqueiros reclamaram do alto custo que teriam que pagar, segundo o projeto inicial, para ocupar o novo espaço (R$ 27.800 à vista). Eles criaram o movimento “A feira da sulanca é dos sulanqueiros”, levaram suas reclamações à Justiça e prometem se mobilizar para protestar durante a votação.

“A Prefeitura está lavando às mãos em relação a essa situação, e jogou o problema para a Câmara resolver. Infelizmente, como o prefeito tem a maioria esmagadora, seremos voto vencido e o projeto será aprovado”, diz o líder da oposição, vereador Antonio Carlos (DEM). Na última quinta (09), ele deu entrada num pedido junto à Comissão de Obras, Urbanismo e Serviços Públicos da Câmara, para que seja realizada uma audiência pública para debater o tema. Mas o presidente da comissão, vereador Romildo Oscar (PTN), considerou que o assunto já teria sido suficientemente discutido. Antonio Carlos não sabe informar, porém, se a possibilidade está completamente descartada, já que outras duas comissões analisam a matéria.

“O projeto que está para ser votado é novo, e portanto jamais foi discutido. Trata-se de um processo de muita envergadura e, se não houver debate, ficarão brechas que poderão ser contestadas na Justiça posteriormente”, alerta Antonio Carlos, cuja mulher trabalhou por vários anos como sulanqueira. Ele critica o “modelo de shopping” que está sendo pensado para a feira. “Não funciona, porque não há demanda para empregar dez mil funcionários. Os sulanqueiros vão à feira um dia só, e no resto do tempo produzem as peças. Já temos a experiência do Pólo de Confecções que não deu certo e hoje, com a crise, tem mais da metade das lojas desocupadas”, destaca.

Já o líder do governo, vereador José Ailton (PDT), acredita que “Caruaru requer essa mudança” e já aprovou a proposta de batizar o novo centro de compras com o nome do falecido ex-governador Eduardo Campos, que cedeu os R$ 10 milhões relativos à compra do terreno durante sua gestão. Sobre os custos dos “pontos” no novo espaço, ele afirma que os valores iniciais foram revistos. “Quem vai decidir quanto será pago vai ser um condominio formado pelos próprios feirantes da sulanca”, detalha. 

EMPREENDIMENTO GIGANTESCO

A Feira da Sulanca de Caruaru é talvez a principal referência cultural e econômica da região, e acontece no Parque 18 de Maio, às terças-feiras,  a partir das 5h, mesclando-se aos bancos da antiga e tradicional feira da cidade (onde são comercializados alimentos, animais, ferragens, artesanato e outros produtos). São estimadas cerca de 11 mil barracas vendendo confecções na sulanca, e compradores de todo o Nordeste vêm adquirir estas peças, a maioria vendida a preços populares. Em dias de movimento, chegam a somar mais de 100 mil visitantes. Parte dos vendedores não são formalizados, mas mais de oito mil feirantes possuem alvará para comercializar confecções e pagam à prefeitura, de acordo com o líder sulanqueiro André Salgado, R$ 30 por semana. 

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