agreste

Transferência da Feira da Sulanca entra na pauta da Câmara de Caruaru

Tradicional feira da cidade pode ser transferida para um terreno nas margens da BR-104

Mariana Mesquita e Paulo Veras
Cadastrado por
Mariana Mesquita e Paulo Veras
Publicado em 10/07/2015 às 2:00
Foto: JC Imagem
Tradicional feira da cidade pode ser transferida para um terreno nas margens da BR-104 - FOTO: Foto: JC Imagem
Leitura:

A tradicional Feira de Caruaru tem um dia decisivo para o seu futuro. Está na pauta desta sexta-feira (09) da Câmara de Vereadores a votação de um projeto que muda o local da feira do Centro, onde está há 23 anos, para um terreno de 60 hectares nas margens da BR-104. O projeto é polêmico entre os feirantes pelo custo que terão que arcar com a mudança. Tanto que a Câmara aguarda para hoje um parecer jurídico para saber se vota a mudança de endereço da feira ou se convocará uma sessão extraordinária para voltar a avaliar o projeto na próxima terça-feira (14).

A proposta busca desafogar o trânsito e o comércio na área central da cidade e prevê a formação de um condomínio, onde representantes dos próprios comerciantes ficarão responsáveis por contratar uma empresa para construir o novo prédio e administrar o futuro equipamento. 

Para o líder da oposição na Câmara, Antônio Carlos (DEM), o projeto pode gerar uma dívida impagável para os comerciantes. “É a concepção de um shopping. Pelo que se falou inicialmente, o custo do centro de compras seria de R$ 577 milhões, o que inviabilizaria a feira”, disse. “Se a intenção é tirar do Centro, poderia se fazer uma parceria com o Polo de Confecções, como funciona em Toritama (cidade vizinha), sem toda essa celeuma”, defendeu.

Veja vídeo da TV Jornal Caruaru dessa quinta-feira (09):

O prazo para emendas ao projeto se encerrou nessa quinta (09). Oito foram protocoladas e serão debatidas em conjunto pelas Comissões de Obras e Urbanismo, de Finanças e de Legislação e Redação de Leis nesta sexta pela manhã. À noite, uma sessão da Câmara foi convocada para tentar votar o texto. Como o prefeito José Queiroz (PDT) tem maioria na Casa, se espera que o texto seja aprovado.

“Caruaru requer essa mudança para desobstruir o Centro da cidade. É preciso um lugar que seja melhor do que Toritama e Santa Cruz (do Capibaribe), onde existem centros de compras organizados”, defendeu o vereador José Ailton (PDT), líder do governo.

“Todas as mudanças podem gerar polêmica. Até em casa, quando a gente muda o lugar dos móveis, se estranha no começo”, minimizou o pedetista, que propôs dar ao novo espaço o nome do ex-governador Eduardo Campos.

Líder de um movimento de sulanqueiros contrários à mudança, André Salgado diz que os comerciantes não têm condições de arcar com a transferência para o novo local. Ele prevê que 5 mil pessoas podem ficar desempregadas e acusa a prefeitura de ameaçar acionar a polícia para impedir que os vendedores continuem atuando no Centro.

“Estamos mobilizando pessoal para deixar bem claro que se o projeto for aprovado, na próxima sessão, nós vamos invadir a Câmara, os 6 mil sulanqueiros, e cobrar que os vereadores providenciem bancas para todos nós”, prometeu.

MUDANÇA SE ARRASTA - A mudança de local da Feira de Caruaru vem se arrastando há um ano, quando a prefeitura criou um Conselho Deliberativo para gerenciar a transferência para o novo local. Em abril, o juiz José Fernando Santos de Souza, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Caruaru, suspendeu o funcionamento do conselho. A decisão acatou uma ação civil do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que questionava a doação do terreno para pessoas jurídicas de direito privado sem a realização de procedimento licitatório. O novo terreno, que fica próximo ao Polo de Confecções do município, custou R$ 10 milhões e foi adquirido com recursos do governo do Estado.

O Conselho Deliberativo da feira era formado por representantes da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), do Sindicato dos Lojistas do Commercio de Caruaru (Sindloja) e da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru. O grupo chegou a negociar a construção do centro de compras com as construtoras CP-Engenharia e ATP-Participações.

Na época, a informação repassada aos sulanqueiros era de que cada uma das novas bancas custaria R$ 27,8 mil a vista. O valor financiado giraria em torno de R$ 40 mil.

Depois da decisão judicial, a prefeitura decidiu retirar a proposta original e apresentar um novo projeto, onde a administração do equipamento será em regime de condomínio, gerido pelos próprios comerciantes. “A prefeitura quer lavar as mãos. Ela quer largar a confusão nas mãos dos sulanqueiros”, critica o vereador de oposição Antônio Carlos.

A Feira de Caruaru existe há mais de 200 anos e funcionava no Largo da Igreja da Conceição. Foi transferida para o Parque 18 de Maio em 1992, no primeiro mandato de João Lyra Neto (PSB) como prefeito da cidade.

Últimas notícias