Análise

Para analistas, Eduardo Campos foi um político centralizador

Em reserva, aliado do socialista destaca autoritarismo com base de apoio

Franco Benites
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Franco Benites
Publicado em 12/08/2015 às 6:05
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Em reserva, aliado do socialista destaca autoritarismo com base de apoio - FOTO: JC Imagem/Acervo
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Eduardo Campos ganhou elogios variados, mas também recebeu muitas críticas enquanto foi governador e depois que deixou a administração estadual para disputar a presidência da República. Em entrevistas, discursos e confrontos diretos, seus adversários o rotularam, entre outras expressões, como “coronel moderno” numa tentativa de desmistificar a imagem criada por ele de que era um praticante da chamada nova política.

Sem entrar no mérito das acusações, o cientista político Túlio Velho Barreto afirma que não havia novidade em sua atuação. “Assim como outros, ele ocupava os espaços e procurava alianças para criar uma hegemonia muito forte. Essa não é uma forma nova, mas tradicional. Toda a forma dele conduzir o governo parecia ser centralizadora”, avalia.



Esse caráter centralizador também é ressaltado pelo cientista político Vanunccio Pimentel. “Tudo passava pela mão dele. O Tribunal de Contas da União (TCE) se tornou um grande espaço de controle pelo fato dele ter um trânsito muito grande ali pela própria Renata Campos ser auditora. A gente tinha um conjunto de parentes dele dentro do governo em posições interessantes”, diz.

Seja pela mão de ferro ou pela habilidade de articulação, Eduardo conseguiu manter uma das maiores alianças político-partidárias do Estado que culminou na eleição de Paulo Câmara (PSB) para o governo estadual. “Jarbas Vasconcelos (PMDB), que foi um governador eficiente do ponto de vista de manter uma aliança (a extinta União por Pernambuco), foi superado por Eduardo Campos”, opina Vanunccio.

Nos bastidores, integrantes de partidos aliados dizem que a união da ampla frente política construída por Eduardo muitas vezes se deu à força. “Com Eduardo, era assim: quem não estivesse 100% fechado com ele que aguentasse as consequências. Ele era capaz de interferir pessoalmente no projeto eleitoral de alguém que fosse da sua base e demonstrasse algum tipo de descontentamento ou contestação”, diz, sob anonimato, um político da base socialista.

As críticas feitas publicamente a Eduardo, aliás, parece que desapareceram com sua morte. O deputado federal Silvio Costa (PSC), que já acusou o socialista de ser autoritário e querer implantar uma “chefocracia” em Pernambuco, é um exemplo. “Prefiro falar, neste momento, das virtudes de Eduardo. Porque dos defeitos ele não está mais aqui para se defender”, declara o parlamentar.

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