Homenagem

Presidente da OAB recebe Medalha de Mérito da Câmara do Recife

A condecoração foi uma iniciativa do vereador Jayme Asfora (sem partido)

Da editoria de Política
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Publicado em 29/08/2019 às 14:34
Foto: Divulgação/Câmara dos Vereadores
A condecoração foi uma iniciativa do vereador Jayme Asfora (sem partido) - FOTO: Foto: Divulgação/Câmara dos Vereadores
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Em sua visita a Pernambuco, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, marcou presença na última quarta-feira (28) na Câmara dos Vereadores do Recife para receber a Medalha de Mérito, homenagem que é realizada para as pessoas que tenham prestado serviços relevantes ao Poder Legislativo a capital. A condecoração foi uma iniciativa do vereador Jayme Asfora (sem partido). 

"Meu amigo irmão, companheiro de luta desde a época da política estudantil”, disse o parlamentar. “Felipe é um carioca-pernambucano”, acrescentou.

Ainda em seu discurso, Asfora ressaltou que a homenagem valia para toda a Ordem. "Na vida real ou digital, para o bem ou para o mal, aqui ou fora daqui, muitos me perguntam por que conceder esta Medalha de Mérito José Mariano ao presidente nacional da OAB. Quero dizer que sempre desejei conceder esta honraria desde que ele tomou posse no cargo. Portanto, bem antes do dia nove de julho", afirmou. 

Também participaram da homenagem a vice-governadora do Estado, Luciana Santos (PCdoB) e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). 

Polêmica com Bolsonaro

No encontro, o episódio com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) foi citado por Jayme Asfora. Segundo ele, a homenagem serviu para as pessoas que resistem em um "país onde se tenta criminalizar os movimentos sociais e políticos". "Esta é uma homenagem a todos os brasileiros humildes e pobres que perderam suas bolsas de incentivo científico", disse. 

Todo o episódio começou quando Bolsonaro disse que, se Felipe quisesse saber, poderia contar como seu pai foi morto na ditadura militar. Fernando Santa Cruz desapareceu em fevereiro de 1974, após ser preso por agentes do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar, no Rio de Janeiro.

Na Câmara Municipal do Recife, o tema foi lembrado pelo homenageado. “Não há uma democrata que não se tenha ofendido com a tentativa de reabrir a discussão sobre a ditadura militar no Brasil”, disse o presidente da Ordem. Afirmou que vem “de uma família pacificadora” e que ele é também um pacificador nato. "Sempre achei a pacificação o caminho certo. Sempre acreditei na solução pacífica e na transição suave”, completou.

À frente da OAB-Rio, Felipe iniciou movimento em 2016 para pedir ao Supremo Tribunal Federal a cassação do mandato de deputado federal de Jair Bolsonaro por "apologia à tortura ". Ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), o então parlamentar fez uma homenagem a Carlos Brilhante Ustra, que comandou o Doi-Codi de São Paulo, centro de tortura durante a ditadura. "O presidente abriu a história, a luz dos torturadores", afirmou Felipe em entrevista ao Resenha Política nessa quarta (28), lembrando que todos merecem estar "atentos" e que a repercussão foi além da sua família, mas de políticos de fora de Pernambuco, como o governador de São Paulo, João Dória (PSDB). 

Avó do presidente da OAB e mãe desaparecido político Fernando Santa Cruz, Dona Elzita Santa Cruz, faleceu no dia 25 de junho deste ano. Ela ficou conhecida de lutar pela verdade após o sumiço do filho, onde chegou a percorrer prisões e unidades militares, enviar cartas aos ministros de Estado e presidentes da República, além de solicitar ajuda da Anistia Internacional e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos em busca do filho.

Relembre

Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira participava do movimento estudantil, seguindo uma orientação da Ação Popular Marxista-Leninista. Ele precisou sair do Recife, após ser preso em frente da Assembleia Legislativa, e foi morar no Rio. No Carnaval de 1974, Fernando foi preso e, possivelmente, torturado até a morte pelos agentes do DOI-Codi.

Inconformada com o desaparecimento do filho, Dona Elzita dedicou a sua vida à elucidação dos crimes cometidos pelo DOI-Codi durante a ditadura militar, representando a luta das famílias dos mais de 140 desaparecidos políticos. Em 1981, participou da fundação do PT, partido que é filiada até hoje, e do Movimento pela Anistia em Pernambuco. Ganhou notabilidade ao receber o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, em 2010, concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Nos últimos meses está calada. No balanço da sua cadeira, não lembra mais de tudo o que lhe aconteceu. Porém, o olhar sereno e acolhedor revela uma mãe que, apesar de todo o sofrimento, transborda amor.

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