Saúde

Dieta de sucos verdes vira moda em Los Angeles

Com a grande demanda da bebida, há juice bars em regiões abastadas como Santa Mônica e Beverly Hills

LEILA MACOR
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LEILA MACOR
Publicado em 11/10/2013 às 7:08
Isabella Valle/JC Imagem
Com a grande demanda da bebida, há juice bars em regiões abastadas como Santa Mônica e Beverly Hills - FOTO: Isabella Valle/JC Imagem
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Enquanto espreme couves, pepinos e espinafres em sua casa, localizada em Venice Beach, a oeste de Los Angeles (EUA), a professora de ioga Kia Miller, 44 anos, diz se energizar quando jejua tomando apenas sucos verdes. É a chance que tem, diz ela, para refletir sobre sua relação com a comida. “Os sucos são uma forma poderosa de obter nutrientes. Alcalinizam o corpo o que desintoxica”, explica Kia.

Usando o substantivo suco como verbo (em inglês, to juice), assim como fazem todos os que aderiram à moda, ela continua: “Quando paro de pensar na comida e me concentro só na simplicidade de ‘sucar’, me sinto mais conectada comigo mesma, com a fonte e com o divino”.

Os sucos verdes e os jejuns com esse tipo de bebida em particular deixaram de ser uma prática reservada a iogues e místicos. Em regiões abastadas como Santa Mônica e Beverly Hills, há praticamente um juice bar a cada quarteirão.

“É o novo vinho”, diz a professora enquanto serve copos de suco verde a dois desconfiados jornalistas da AFP.
Normalmente são sumos de espinafre, couve e gengibre, por exemplo, misturados com beterraba, cenoura, água de coco ou leite de amêndoas. Os mais doces incluem tâmaras, nozes, bananas ou maçãs e os leves adicionam pepino e aipo, incrementados com cúrcuma, agave ou dente-de-leão.

É uma experiência “quase viciante” para aqueles que bebem ocasionalmente o suco verde no juice bar do bairro. Mas há os que fazem as chamadas limpezas, desintoxicações ou jejuns beber litros de sumos de verduras durante três, sete ou 30 dias, sem ingerir nada sólido.

Em uma limpeza de cinco dias é possível perder dez quilos, mas os militantes comentam razões experimentais para jejuar.

O fisioterapeuta Heather, 42, que não quis dizer seu sobrenome, acaba de terminar um jejum de três dias. Ele conta que a experiência é quase viciante porque “reinicia” o corpo. Já o músico David Goodman, 37, garante dormir melhor e se sentir mais jovem desde que passou a se desintoxica com frequência.

“A moda dos sucos estourou. Agora todo mundo quer abrir um juice bar porque as pessoas desejam se desintoxicar”, explica o indiano Baba Ji, que nos últimos anos abriu dois bem-sucedidos bares de sucos ao leste de Hollywood.

Dependendo do bar, um jejum de três dias com sucos pode custar entre US$ 120 e US$ 250, e o de cinco, de US$ 200 a US$ 400. O lucrativo negócio do bem-estar espiritual representa US$ 5 bilhões anuais nos Estados Unidos. É o que garante o informe de julho publicado no semanário de finanças Barron’s, que calculou um crescimento de 4% a 8% anuais.

Segundo a publicação, nos EUA há 6.200 juice bars. A maioria é concentrada em Nova Iorque e Los Angeles.

A MODA - As grandes lojas já tentam se apropriar da tendência. Uma loja da rede de farmácias Walgreens, de Hollywood, conta com um bar de sucos e a rede de cafés Starbucks abriu este ano suas primeiras suquerias em Seattle e San Francisco, após a compra prevista para novembro da Evolution Fresh.

Os nutricionistas aplaudem a moda, embora duvidem dos benefícios reais do jejum em si. “Nosso corpo é feito para se desintoxicar. Tem rins e um fígado, além da pele. Se paramos de incorporar toxinas ao corpo, ficaremos mais saudáveis de qualquer forma. Não é preciso fazer uma limpeza com sucos”, diz a especialista em nutrição à base de plantas, Julieanna Hever.

“O jejum com sucos é bom por ajudar as pessoas a colocarem em foco a mudança de dieta e a comerem de forma saudável”, explica ela.

E Julieanna continua: “No entanto, embora o jejum com sucos não produza nenhum dano se feito com supervisão médica, não há nenhuma pesquisa que demonstre que tem algum benefício e, a longo prazo, leva ao efeito iô-iô de engorda e emagrece”.

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