Coluna Cena Política

Túlio criou um roteiro de exigências porque não quer ser feito de Marília pelo PDT

As exigências de Túlio esbarram numa dificuldade que ele próprio tem para mostrar amplitude eleitoral além das redes sociais e além de seu relacionamento com apresentadora de TV.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 09/03/2020 às 16:31 | Atualizado em 09/03/2020 às 17:03
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
O deputado federal Túlio Gadelha se posiciona sobre a sua pré-candidatura a prefeito da cidade do Recife pelo PDT. - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Igor Maciel, da Coluna Cena Política

Túlio Gadelha tentou ser vereador do Recife, em 2012. Teve 1,4 mil votos. Em 2016, resolveu nem tentar. Depois, engatou um namoro com a apresentadora Fátima Bernardes e ganhou popularidade. Candidatou-se a deputado federal em 2018 e foi eleito com 75 mil votos, para quem tem hoje um milhão de seguidores no Instagram, nada monumental.

Para comparar, o possível adversário dele, se vier a disputar a prefeitura do Recife, João Campos (PSB), teve 460 mil votos. Outra possível adversária, Marília Arraes (PT), teve 190 mil disputando o mesmo cargo que ele. Segmentando a votação para a Capital, Campos teve 70 mil, Marília teve 54 mil e Túlio teve 25 mil.

Não é demérito nenhum, até porque os três se elegeram de forma igual e com as mesmas prerrogativas. Mas serve como comparação para tentar entender a maneira como as exigências de Túlio chegam à mesa dos dirigentes do PDT.

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Ao fazer exigências condicionais, como se fosse portador de uma divina condição eleitoral que ninguém mais tem, Túlio nega a realidade e acredita que todos vão embarcar nisso com facilidade, não vão.

Mesmo que fosse verdade que ele tem grande potencial de votos para além dos seguidores de rede social, vale lembrar que o presidente nacional pedetista, Carlos Lupi, estaria colocando as chaves e uma "escritura assinada" de sua representação partidária em uma capital nas mãos de alguém que só conseguiu alguma amplitude eleitoral após ficar conhecido como o namorado de alguém.

E se o relacionamento acabar e a popularidade derreter? Ninguém espera isso e eles parecem muito bem sempre, rendendo mais admiração nas redes, mas é imprevisível.

E é só uma das condições apresentadas. Outra, querer que o partido entregue todos os cargos na gestão municipal, também vai ser avaliada com esse viés.

E ao que parece, Túlio teme ser feito de Marília Arraes, sendo usado como moeda de troca por algo que Lupi quer muito mais do que os problemas de uma candidatura própria: indicar a vice de João Campos.

A preferência do presidente do PDT, para ser vice do PSB, é por Isabella de Roldão (PDT). Túlio sabe disso. Isabella é a atual secretária de Habitação da gestão Geraldo Júlio (PSB). Se ela topar entregar o cargo, será um sinal de que a candidatura é pra valer e Túlio se arriscará.

O problema é que, ainda assim, há riscos para o jovem deputado. Porque até para ser vice ou para uma eventual candidatura a vereadora, Isabella de Roldão terá que entregar o cargo. Não por exigência de Túlio, mas pela lei eleitoral. É aí que entra mais uma das exigências: a senha para inscrever quem ele quiser no sistema do Tribunal Superior Eleitoral para a eleição. Inclusive ele próprio.

Tendo o controle do diretório e colocando quem ele quiser pra dentro, se ele quiser ser candidato e não tiver o apoio da Estadual ou da Nacional, bastará fazer uma votação interna onde ele terá maioria por ter filiado pessoas do seu próprio grupo em grande número, forçando uma candidatura.

O roteiro foi escrito, basta Lupi aceitar. Carlos Lupi é um ex-ministro, político experiente. Pode até ter cara de bobo pra alguns.

Mas, não é. Não mesmo.

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