A situação hoje é que se o médico quiser utilizar hidroxicloroquina no tratamento do paciente de covid-19, ele poderá fazer isso. Não está proibido. E o Conselho de Medicina já declarou que vai depender do médico. O que Bolsonaro tenta fazer, e já perdeu dois ministros com isso, é que o Ministério da Saúde adote o remédio como protocolo.
No fim, a decisão continuará sendo dos médicos, que teriam que assumir a responsabilidade pelo uso também. Para evitar que os profissionais deixem de usar a hidroxicloroquina por medo de serem responsabilizados pelas mortes, Bolsonaro se adiantou e editou uma Medida Provisória que isenta qualquer agente público de qualquer morte que aconteça por covid-19.
Problema é que Bolsonaro pode mudar a lei, pode tentar confundir a opinião pública, mas não pode mudar a ciência. No fim, são os médicos que irão decidir e, os que forem sérios, o farão com a responsabilidade de quem se apoia em estudos científicos, não em achismo. Nada vai mudar.
Então fica a pergunta: o que Bolsonaro ganha para insistir tanto com o uso de um medicamento que não tem comprovação científica e oferece riscos aos pacientes, inclusive segurando o medicamento em lives, posando para a câmera ao lado da caixa?
Amizade do centrão tem limite e quem desconhece isso contrata traição
Talvez seja o fato de que o presidente mandou o Exército produzir milhões de comprimidos, com dinheiro público e agora, com os estoques abarrotados e muito dinheiro gasto, percebeu que lugar nenhum no mundo civilizado e atento à ciência comprovou a eficácia da droga.
Se não conseguir emplacar o remédio, teremos gasto dinheiro em vão.
Daqui a alguns meses, quando o maior problema for a crise econômica, os brasileiros vão olhar pra trás e vão ver que gastou-se dinheiro demais com um remédio que não era eficaz, por teimosia do presidente.
Sem falar nas possíveis mortes.
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