Cena Política

João Campos era contra o projeto de navegabilidade do Capibaribe, que governo do Estado diz que vai retomar

Governo disse que tem "expectativa" de retomar as obras ainda este ano. A "expectativa" surge bem quando se começou a investigar um prejuízo de R$ 74 milhões. Na campanha, João Campos discordava do projeto.

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Igor Maciel

Publicado em 04/05/2021 às 9:32 | Atualizado em 05/05/2021 às 15:00
Análise
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Uma das vozes contrárias ao projeto de navegabilidade do rio Capibaribe, no Recife, é o próprio prefeito da cidade, João Campos (PSB). Durante a campanha eleitoral, o então candidato admitia que o projeto não era viável. A ideia, vale lembrar, foi lançada no governo do pai dele, Eduardo Campos, e nunca virou realidade.

Em conversa com este colunista, nos bastidores de uma das sabatinas das quais participou, Campos dizia, com convicção, que implantar transporte público pelo rio Capibaribe não era possível, independente de haver verba para instalar a estrutura. 

Grandioso projeto de Navegabilidade do Rio Capibaribe, no Recife, afunda em promessas, investigações e prejuízos

A questão, e ele tinha os cálculos de cabeça na época, é que o fluxo de pessoas utilizando o transporte não compensaria o custo de operação do sistema que teria de ser subsidiado, ou ficaria muito caro para o usuário.

Seria necessário, por exemplo, aumentar muito os preços das passagens dos ônibus para haver uma compensação.

A opinião, o prefeito não apresentou apenas em conversa pessoal, mas deu entrevistas detalhando, chamou atenção porque o restante do PSB ainda defendia a "santidade" da ideia e dizia que a culpa de não ter sido implantada era do governo Federal que não mandou o dinheiro todo por causa da crise financeira.

O PSB e sua mania de não admitir que o absurdo é absurdo, desde que possa culpar algum adversário político.

Campos quebrava isso na campanha e se destacava.

A ideia do, hoje, prefeito do Recife era dar continuidade ao projeto com embarcações diferentes que trabalhassem o turismo e não o transporte de rotina. 

O fato é que nunca teve lógica, segundo o próprio João Campos e, hoje, estima-se que já deu um prejuízo de R$ 74 milhões aos cofres de Pernambuco.

Agora, órgãos fiscalizadores estão investigando os gastos e o prejuízo pode fazer com que alguém seja responsabilizado e punido.

Aí, surpresa, o governo do Estado começou a dizer que vai "retomar o projeto ainda este ano". Ao que parece, vai fingir que o plano faz sentido para fingir que não houve prejuízo.

Seria bom conversar com João Campos antes.

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