Cena Política

A terra plana auditável e as urnas eletrônicas no Brasil de Jair Bolsonaro

O presidente do TSE esteve no Congresso, explicou a falta de lógica e brincou que todos ali foram eleitos no sistema que dizem ser fraudulento. Mas, é como discursar para pombos.

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Igor Maciel

Publicado em 09/06/2021 às 16:42 | Atualizado em 09/06/2021 às 16:56
Análise
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O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, começou sua participação no Congresso, numa reunião para falar do voto impresso, fazendo um comentário de constatação.

“Ele (o sistema eletrônico) foi implantado em 1996 e nunca se documentou sequer um caso de fraude desde então. E provavelmente esse seja o melhor lugar para uma aferição empírica disso. Todos os senhores foram eleitos por esse sistema de controle eleitoral”, afirmou.

É o exemplo de uma maneira cortês para atestar patetice.

Durante a participação, o ministro lembrou que o sistema com impressão foi testado em 2002 e reprovado. Explicou que as urnas são auditáveis e é praticamente impossível fraudar o resultado. Advertiu que serão gastos mais de R$ 2 bilhões para instalar o sistema, num momento de crise econômica, com o país tendo urgência em vários outros setores. Alertou para o risco de violação do sigilo do voto, problema que foi constatado no teste de 2002.

Mas, é como jogar xadrez com um pombo. Não adianta.

Nesse tema e em muitos outros, bolsonaristas costumam usar duas estratégia de Arthur Schopenhauer, descritas no livro "Como vencer um debate sem precisar ter razão".

Uma é a "Argumento ad Auditores", que consiste em aproveitar a ignorância do público sobre um tema para defender qualquer absurdo e parecer que está correto.

A outra é a estratégia do "Rótulo odioso", na qual você carimba o argumento do adversário para que ele seja desacreditado antes de falar. Algo como: "isso é comunismo!".

A edição desse livro, no Brasil, tem notas, introdução e comentários de Olavo de Carvalho. O que explica muita coisa.

 

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