PSB de Pernambuco pode argumentar que não deve nada ao PDT porque não recebeu apoio em 2018. É uma quase mentira
Carlos Lupi deve vir ao Recife na semana que vem. Por aqui, socialistas ensaiam um discurso sobre a eleição estadual não ter nada a ver com a municipal. Querem fingir que o apoio do PDT no Recife não tem nada a ver com o Palácio.
O argumento que começa a se construído pelo PSB de Pernambuco para justificar a provável decisão de ficar com o PT e com Lula, contra o PDT e Ciro Gomes, em 2022 é a "reciprocidade estadual".
Na prática, o discurso é assim: "a gente fica muito feliz pelo PDT ter nos apoiado na capital, mas nas últimas duas eleições pro governo o partido não estava conosco, então, não temos nenhuma obrigação com vocês".
Ciro, que veio ao Recife em 2020, saiu em evento eleitoral, num carro aberto, com João Campos (PSB), fez discurso pedindo votos para o atual prefeito, depois de bancar uma briga interna no partido com o então presidente municipal Túlio Gadêlha (PDT), poderá dizer que foi ludibriado pelo PSB, sem risco de ser injusto.
Lula planeja uma visita a Pernambuco que deve acontecer ainda este mês.
O presidente do PDT nacional, Carlos Lupi, resolveu se antecipar e desembarca por aqui no próximo dia 7. O pedetista pretende olhar nos olhos dos socialistas e sentir o clima, antes que o ex-presidente chegue.
Vai conferir se, realmente, o PSB está disposto a sustentar esse argumento, mesmo depois de tudo o que foi feito em 2020.
Depois, dependendo da conversa, vai orientar o partido para a formação de um palanque local que sustente a candidatura de Ciro Gomes a presidente.
O argumento do PSB, é preciso dizer, trata-se de uma injustiça.
Em 2018, o PDT precisou praticamente inventar uma chapa de última hora, apenas para ter um palanque para Ciro.
O PSB também se negou a apoiar o pedetista quando declarou neutralidade, mesmo depois de muita promessa, pra atender Lula, que estava preso.
A candidatura do Pros com o PDT e o Avante, em 2018, foi tão competente em não atrapalhar o PSB que os pedetistas mantiveram os cargos que tinham nas gestões socialistas, sem questionamento. Seguiram aliados.
O PSB dizer que o PDT estava na "oposição" em 2018, apenas porque montou um palanque alternativo, é falacioso.
Menosprezar, também, o apoio dado no Recife em 2020, alegando que não tem nada a ver com a disputa estadual, é desonesto.
Sem o PDT, João Campos corria o risco de perder a eleição para Marília Arraes (PT).
Perdendo o Recife, o PSB estaria enfraquecido demais para exigir qualquer coisa em 2022.