Cena Política

Bolsonaro ativa o populismo de confronto, mais uma vez. Medida sobre Daniel Silveira tem efeito prático limitado

O deputado não tem garantia de manter o mandato e muito menos de se candidatar nas próximas eleições. A "graça" de Bolsonaro pode evitar a prisão. Objetivo era confrontar o STF.

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Igor Maciel

Publicado em 21/04/2022 às 20:47 | Atualizado em 28/04/2022 às 9:31
Análise
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O cientista político e escritor português João Pereira Coutinho, em entrevista recente, classificou Bolsonaro como apenas um "populista que chegou ao poder sem filtros".

A declaração é importante porque vem de um dos maiores pensadores do conservadorismo no mundo. Para Coutinho, um populista que chega ao poder representa um problema, porque a tentação para atacar as instituições criadas para equilibrar o poder do presidente são grandes quando personagens assim estão na cadeira.

Agora, Bolsonaro afronta o STF para proteger um deputado que ameaçou a integridade de ministros da Corte Suprema.

Há um detalhe na "graça" concedida pelo presidente da República ao aliado condenado: ela impede a prisão, que muitos acreditam que nem aconteceria realmente, mas não impede nem a cassação, nem a perda dos direitos políticos.

- Leia a íntegra do decreto de Bolsonaro que concede perdão a Daniel Silveira

Então, qual o motivo de o presidente ter comprado essa briga com o STF?

Fazer barulho.

O presidente costuma tomar medidas esdrúxulas quando sua popularidade melhora.

Tem sido assim há muito tempo. Sempre que ganha alguma gordura de popularidade, Bolsonaro ataca alguém para tentar animar sua própria bolha, o grupo dos mais apaixonados.

Quando a quebra de braço começa a derrubar sua popularidade, ele se esconde e fica em silêncio por um período, esperando outro ciclo.

Foi assim quando inventou a crise pelas urnas eletrônicas, por exemplo.

Difícil dizer se ele criou, mas é fato que a equipe do presidente utiliza algo que poderia ser classificado como um "populismo de confronto". Algo feito para avançar sobre o eleitorado por etapas. Seguindo e estacionando enquanto adentra um território.

A nova crise é apenas o populismo de confronto, mais uma vez.

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