Cena Política

"Vai ser um escândalo por semana". A repercussão de casos como o assédio sexual na Caixa é maior agora

Primeiro foi a prisão de um ex-ministro, agora as denúncias de assédio sexual. Período eleitoral faz as "pontas soltas" do governo ficarem evidentes. E o centrão ajuda.

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Igor Maciel

Publicado em 29/06/2022 às 12:10 | Atualizado em 29/06/2022 às 21:08
Análise
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“Vai ser um escândalo por semana”, provoca um parlamentar da oposição que conversou com a coluna sobre o governo Bolsonaro (PL).

Realmente, na semana passada foi o caso dos pastores e do ex-ministro Milton Ribeiro, presos.

Esta semana, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarãesbolsonarista convicto daqueles que emula o presidente em entrevistas, denunciado por assédio sexual e tendo que ser demitido, algo esperado.

Numa semana, cai uma máscara de honestidade e, na outra, cai uma máscara moral.

O caso dos pastores estava sendo investigado há meses, mas ocorria há mais tempo.

E os casos de assédio sexual na Caixa acontecem desde 2019.

Tudo está emergindo agora. Antes, nada era levado a sério.

Não é culpa das mulheres, vítimas nesse caso. Elas denunciam desde o início ao MPF e aos canais internos da empresa. Mas, as denúncias só explodiram agora.

Motivo

Faltam menos de 100 dias para a eleição, mas não é apenas por isso.

Um dos segredos do centrão é fingir que não é fisiológico e não apoia governos apenas por interesse em verbas e cargos (muitos na própria Caixa). Se abandonar Bolsonaro agora, os membros do grupo serão acusados de terem estado lá apenas por interesse.

É preciso ter um motivo.

E os motivos para o centrão debandar estão sendo apresentados semanalmente. Todo deputado que se beneficiou das emendas federais e defendeu Bolsonaro vai poder chegar para suas bases, caso necessite, e dizer que foi “obrigado pelos fatos a deixar de apoiá-lo”. Afinal, são muitos escândalos.

Faltam 95 dias

Agora, é verdade que antes do período eleitoral, a repercussão não acontecia. Não rendia tanto. Hoje é diferente.

Os motivos que derrubavam e não derrubavam ministros sempre foram estranhos. Aconteciam coisas imorais, como alguém dizer que precisava aproveitar uma pandemia pra “passar a boiada” na Amazônia, ninguém era demitido. Enquanto, na mesma pandemia, o ministro da Saúde dizia que as pessoas precisavam se preservar e ficar em casa. Foi mandado embora.

Agora, faltando menos de 100 dias para o pleito, a repercussão é diferente. Muita coisa só aparece nesse período.

Pelo histórico do governo Bolsonaro, se não fosse às portas de uma campanha, o presidente da Caixa, fiel ao presidente, teria que pedir demissão e enfrentar a rejeição dos próprios colegas?

Uma dica, para mostrar que não: o próprio Pedro Guimarães foi acusado de assédio moral há alguns meses, quando vazaram vídeos dele obrigando funcionários a fazerem flexões nas agências. 

Ele não foi demitido na época.

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