A votação paralela do ministro da Defesa para alimentar a patetice bolsonarista do voto impresso
É preocupante que, interessado em aparecer na mídia de alguma maneira para agradar a sua bolha, o presidente faça esse tipo de aceno usando um militar da Defesa. E ele obedeça.
Vamos lá, tentaremos ser didáticos para que os defensores do voto paralelo impresso, a grande ideia do ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, entendam que isso não tem lógica.
As urnas eletrônicas são seguras, passam por testes e desafiam especialistas todos os anos, mas continuam mantendo sua inviolabilidade. O general propôs colocar uma urna antiga ao lado dela. Daquelas que ficaram famosas por permitirem todo tipo de fraude. Daquelas que eram extraviadas e que as luzes dos locais de apuração eram apagadas para dificultar a fiscalização na apuração.
Pela ideia, para garantir que ela é segura, o eleitor digitaria o voto na urna eletrônica e, em seguida, escreveria seu voto em um papel. Certo.
É possível entender que o ministro parte de um pressuposto de honra e ética que é ensinado na formação das Forças Armadas e que ele deve acreditar que faz parte da cultura brasileira. Não faz.
A chance de os eleitores escolherem um candidato na eletrônica e outro completamente diferente na de papel, apenas para criar uma polêmica é enorme, algo quase certo.
E se for, como se supõe, não a votação oficial, mas um evento teste, apenas para garantir que a contagem está correta, alguém precisa informar ao general que isso já é feito, não com o sistema dos anos 1980 e 1990, como propõe o ministro. Mas, é feito de maneira segura e moderna.
Periodicamente, especialistas em computação são convidados para tentar invadir e corromper a urna eletrônica. Raramente se alguma pequena falha é encontrada, a equipe do TSE corrige e o teste é repetido até não haver dúvidas. É algo contínuo.
A impressão que passa é que as pessoas sérias como o general estão sendo obrigadas a questionar sem nem saberem o que estão questionando. Preocupa.
Agora, se o ministro quiser ver uma apresentação do sistema, colocando pessoas pra votarem na urna eletrônica em partidos e candidatos fictícios, como "Cazuza" do "Partido da Música Popular Brasileira" e "Machado de Assis" do "Partido da Literatura", para depois mostrar o resultado, é simples.
Isso é feito em escolas há décadas, de forma educativa.
Se o general acredita que basta isso para acabar com a patetice bolsonarista de duvidar das urnas, será uma solução bem fácil mesmo.
Pesquisa
Precisa-se fazer uma pergunta: se Bolsonaro (PL) estivesse com 50% das intenções de voto, com uma vitória bem encaminhada e quase certa, haveria preocupação com a segurança das urnas por parte do general? Alguém ainda estaria falando nisso, entre os bolsonaristas?
Porque é preocupante que, interessado em aparecer na mídia de alguma maneira para agradar a sua bolha, o presidente faça esse tipo de aceno usando um militar da Defesa. E ele obedeça.