Cena Política

O protesto da pobreza contra o barulho que a pobreza faz no Recife do PSB

Famílias que não têm onde morar reclamam de famílias que perderam as casas nas chuvas. É o retrato da capital pernambucana.

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Igor Maciel

Publicado em 19/07/2022 às 11:47 | Atualizado em 19/07/2022 às 12:01
Análise
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Um breve resumo da miséria do Recife pode ser feito na seguinte frase, como no complemento de uma manchete jornalística: “Famílias que não tinham onde morar protestam contra famílias que não têm onde morar”.

Sim, esse protesto aconteceu numa terça-feira ensolarada, com pneus queimados e muita revolta, na Rua do Imperador, no centro.

Acontece que as famílias atingidas pelas chuvas e que ficaram sem ter onde morar ou perderam tudo precisam entrar na fila do Cadastro Único para poder receber algum auxílio.

A questão é que além de todo o sofrimento imposto pela tragédia da falta de gestão no Recife, essas pessoas ainda precisam chegar de madrugada na fila, no local do cadastro.

Por uma questão de destino, a fila se forma exatamente na área de um prédio do INSS que está ocupado há mais de um ano por outras 126 famílias que, também sem ter onde morar, invadiram o edifício já bastante degradado.

E o barulho da fila do CadÚnico durante a madrugada não os deixa dormir.

Quando uma miséria bate à porta da outra, não dá pra pensar em duas tragédias, mas em uma só.

Alex Oliveira/JC Imagem
Protesto de moradores da ocupação do INSS em frente à Central de Atendimento do CadÚnico na Rua do Imperador, centro do Recife - Alex Oliveira/JC Imagem
Alex Oliveira/JC Imagem
Protesto de moradores da ocupação do INSS em frente à Central de Atendimento do CadÚnico na Rua do Imperador, centro do Recife - Alex Oliveira/JC Imagem
Alex Oliveira/JC Imagem
Protesto de moradores da ocupação do INSS em frente à Central de Atendimento do CadÚnico na Rua do Imperador, centro do Recife - Alex Oliveira/JC Imagem
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Protesto de moradores da ocupação do INSS em frente à Central de Atendimento do CadÚnico na Rua do Imperador, centro do Recife - Alex Oliveira/JC Imagem
Alex Oliveira/JC Imagem
Protesto de moradores da ocupação do INSS em frente à Central de Atendimento do CadÚnico na Rua do Imperador, centro do Recife - Alex Oliveira/JC Imagem

Quando o caos é ordenado é que se entende sua origem.

E, ordenando a realidade ultrajante desse acontecimento, fica difícil não perceber que a origem está no abandono de tantos anos de uma cidade que maltrata - principalmente os que não têm respeito pelo direito à moradia e expõe sua população mais carente a situações desse tipo.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
MUITA DIFICULDADE Com 9 filhos e 2 netos, única renda de Rosemere é R$ 782 do Bolsa Família. Na casa, o fogão é substituído por um tijolo - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Alguém, há dez anos, pelo discurso que se faziam nas campanhas, diria que após uma década de gestões socialistas as pessoas estariam sem ter onde morar no Recife?

Isso depois de 12 anos de governos petistas?

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Moradores de rua do centro do Recife que estão em calçadas próximas a prédios do poder público. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

É impossível ver notícias como essa, do "protesto da pobreza contra o barulho que a pobreza faz", sem lembrar que o discurso do PSB sempre foi o de “governar para os pobres”.

Isso nunca aconteceu.

O retrato do Recife de hoje tem as linhas, a luz e a cor da miséria. Basta olhar nas fotos que ilustram esse texto. Todas as imagens são dos últimos dois meses.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Fernando Victor de Melo mora com a família há nove anos embaixo do viaduto da Agamenon Magalhães - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

As gestões socialistas falharam e ainda falham, em Pernambuco e no Recife, quando se trata de colocar em prática o discurso de priorizar os mais pobres.

Se elegeram reclamando que seus antecessores “governavam para os ricos” e, hoje, parecem governar apenas para eles próprios, com o cronograma da próxima eleição em mente, antes de qualquer coisa, mais que qualquer coisa.

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