Cena Política

DEBATE: Bolsonaro foi melhorar seu crédito e saiu em débito. Lula jogou para não perder e virou coadjuvante

Programa da Band, retransmitido pela Rádio Jornal em Pernambuco, foi um bom teste para os candidatos.

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Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 29/08/2022 às 1:17 | Atualizado em 29/08/2022 às 1:35
Análise
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O debate promovido pela Band, com retransmissão pela Rádio Jornal em Pernambuco, serviu para ter uma ideia do nível e das dificuldades de cada candidato.

Lula (PT) é ruim nesse tipo de situação. Sempre foi ruim e é por isso que sempre evita participar deles quando pode evitar. Na preocupação de não piorar a própria rejeição, acabou apático.

Bolsonaro (PL) é bem mais aceso, mais combativo, mas também foi ruim porque deslizou na única coisa que sua equipe de campanha esperava que ele não deslizasse: o tema “mulheres”.

Quando saiu de casa, no avião, no carro, em todo o percurso até os estúdios, Bolsonaro ouviu de seus estrategistas que precisa conquistar o voto das mulheres. Isso é um problema grande e que impede o candidato de crescer até entre os evangélicos, seu público mais fiel. Entre os homens o presidente chega a ter boa maioria e entre as mulheres não.

Os conselhos foram para que fizesse gestos que mostrassem sua defesa da família como algo que as mães querem ouvir, como o combate às drogas que ele chegou a citar. No ensaio deu tudo certo.

Na prática, aconteceu que Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães e, quase na mesma frase, atacou a colega candidata Simone Tebet (MDB).

Imediatamente, o foco do debate passou a ser o “problema” de Bolsonaro com as mulheres.

Nas redes sociais, famosos se solidarizaram com a jornalista e o assunto ganhou tração.

No estúdio, Ciro Gomes (PDT) explorou o assunto.

Soraya Thronicke (UB) também e até virou meme nas redes ao usar a expressão “Tchutchuca” em referência a forma como o presidente trata os homens, enquanto vira “tigrão com as mulheres”.

Depois, a própria Simone Tebet respondeu e, por mais que tenha buscado se justificar, o presidente acabou indo para a defensiva.

Só existem três formas de sair de um debate: incólume, melhor ou pior do que entrou.

Lula fez de tudo para sair incólume, mas deixou a desejar na atitude. Numa disputa de boxe, seria punido por não lutar. Sua equipe pediu que ele saísse ileso e fizesse gestos para se aproximar de Tebet e Ciro, visando um segundo turno. Ele até tentou, mas nisso também não teve muito sucesso.

Bolsonaro saiu pior, porque foi para “conquistar as mulheres” e terminou em nova disputa com elas. Vai dar ainda mais trabalho para a campanha que, agora, terá que se esforçar ainda mais para diminuir a rejeição feminina a ele.

É preciso lembrar que na divisão dos eleitores, as mulheres são maioria.

Ciro e Tebet

Ciro Gomes e Simone Tebet foram bem.

O primeiro porque foi combativo na medida certa. Não explodiu e manteve a dureza sem a estupidez que lhe deu "má fama" no passado. Ciro perdeu até algumas oportunidades nos duelos com Bolsonaro, poderia ter sido mais incisivo, mas evitou fazer ataques diretos para não dar direito de resposta ao adversário.

Tebet foi bem porque conseguiu se apresentar com um preparo e um equilíbrio ainda maior do que havia mostrado no Jornal Nacional e, de quebra, foi colocada em evidência por Bolsonaro.

Enquanto o debate acontecia, o Datafolha realizou pesquisa qualitativa com eleitores, analisando o debate em tempo real. Tebet e Ciro, nesta ordem, foram os que tiveram melhor avaliação para os entrevistados.

A emedebista, não por acaso, teve sua melhor avaliação exatamente no bloco em que foi atacada por Bolsonaro.

Agregador de pesquisas JC

Confira abaixo os números do agregador de pesquisas do JC com a Oddspointer:


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