Simplifique o relacionamento com o dinheiro desde a infância
Leia a opinião de Leandro Trajano
Já ouvi crianças se referirem ao caixa eletrônico como “máquina de fazer dinheiro”. Elas precisam entender que não é bem assim, aquele dinheiro é fruto de trabalho, e não está ali por acaso. E por falar em trabalho, acho válido refletirmos sobre algumas respostas automáticas que damos ao escutar dos filhos algo como “por que você tem que ir trabalhar?” ou “por que trabalham tanto?”.
Muitos respondem simplesmente que fazem isso porque precisam ganhar dinheiro, pode até ser verdade para muitos, entendo, mas no meu caso prefiro falar a minha verdade eu diria, costumo responder que é porque tem pessoas que precisam do meu trabalho, e com o meu trabalho que eu gosto bastante, e é importante para mim, eu consigo ajudar as pessoas e assim, também organizar melhor nossos planos, viagens e mais do que precisamos e buscamos para a nossa vida.
E o “não”, será que educa? É muito importante que você reflita sobre isso. Em determinados momentos, ele é necessário, fundamental. Mas tenha cuidado para não usá-lo de forma equivocada. Se a criança vem pedir algo, o ideal quando possível, é que você pense junto com ela COMO é possível se organizar para alcançar aquele objetivo, não se contente em apenas dizer “não”.
Na minha visão, precisamos quebrar alguns comportamentos tradicionais e que terminamos por repetir, tal como dizer: “papai / mamãe não tem dinheiro!” ... em muitos casos, temos dinheiro sim, mas temos também prioridades, e na medida do possível isso deve ser esclarecido para a criança, é importante que se construa essa percepção. E também quebrar o tabu de que “dinheiro é sujo”, pois passa para muitos a impressão de que o dinheiro não é algo legal, que é ilícito, sujo, e podemos ser mais sutis ao dizer que “sempre que pegar em dinheiro é importante lavar as mãos, porque ele circula na mão de muitas pessoas”.
Muita gente pergunta qual o melhor investimento para ser feito pensando no futuro dos filhos. Isso é muito relativo: tem quem queira deixar um apartamento, dar um carro aos 18 anos, separar uma quantia para custear os estudos numa universidade particular, cada um com seus objetivos, não estou aqui para julgar.
No meu caso, quero dar oportunidades de conhecimento, desenvolvimento para que meu filho possa galgar da melhor forma os caminhos dos planos dele, mesmo que depois veja que de alguma forma se equivocou e quero estar por perto para ajudar, orientar, participar. Penso que entre 15 e 18 anos, ele deve fazer um intercâmbio, é uma experiência cultural relevante, idioma, enfrentar e viver o novo, o desconhecido. Para isso, minha esposa e eu, fazemos pequenos aportes, numa carteira que mescla uma parte maior na renda variável e um percentual menor na renda fixa, para que a gente possa realizar esse desejo sem de forma mais planejada anos adiante.
Lembre-se sempre que o exemplo é o que rege, é o que arrasta. É o seu dia a dia, a sua vida financeira bem equilibrada, o seu padrão de vida adequado que vai propiciar com que a criança viva também de uma maneira agradável e positiva. Imagine um adolescente que ao longo da infância e na fase atual vê que sempre que questionados quanto a forma de pagamento nos estabelecimentos, escuta dos pais: “pode parcelar no máximo de vezes que puder”, fatalmente, no dia que adolescente tiver um cartão de crédito e essa possibilidade nas mãos, repetirá esse comportamento.
Acho muito legal a ideia de uma mãe que fiz o trabalho de planejamento e ela resolveu dar a mesada para o filho de 15 anos no valor que inclua a sua escola, plano de saúde, lanche, passeios e algo mais, com o objetivo de que a criança pagasse desse valor, a cada mês, esses serviços, com a ideia de passar um pouco do senso de responsabilidade, do custo que tudo isso tem. Inclusive, dependendo da idade, hoje em dia é bastante válido abrir a conta realmente no nome do seu filho para que ele tenha o cartão de débito com seu nome, claro, os adolescentes vão valorizar isso, chama responsabilidade, zelar pelo seu nome, pelo seu dinheiro e vá liberando, orientando, avançando aos poucos.
Use a criatividade, dedique um tempo para este processo, será transformador e certamente gratificante, faça acontecer!
Abraço e até a próxima!